A consagração de Lewandowski
Pela primeira vez um polonês é eleito o melhor jogador do mundo - e Lewa fez de tudo para merecer a honraria da Fifa
A premiação do atacante polonês Robert Lewandowski como melhor jogador do mundo na temporada 2019/2020, oficializada na quinta-feira (17) com a conquista do prêmio The Best, da Fifa, coroa uma sequência perfeita do camisa 9 mais letal do futebol atual. Além disso, agrega justiça a um prêmio que, algumas vezes nos últimos anos, foi entregue quase que de forma automática aos dois maiores nomes da atual geração: Messi e Cristiano Ronaldo.
A fase goleadora de Lewa é tão absurda que hoje ele teria vaga em qualquer equipe do planeta, tamanha sua qualidade técnica. E não se trata de exagero. Se o polonês decidisse sair do Bayern de Munique, clube que defende desde 2013, para experimentar novos ares, chegaria como titular no Barcelona, Real Madrid, Chelsea, Juventus, Chelsea, Liverpool, Manchester City, PSG e todos os outros gigantes do mundo da bola.
Para se ter uma ideia do quanto o polonês foi decisivo na temporada 2019/2020, em 53 jogos que disputou pelo Bayern e a seleção nacional, ele anotou 59 gols e deu 11 assistências. É isso mesmo: mais de uma bola na rede a cada 90 minutos e ainda alguns passes de lambuja que deixaram os companheiros na cara do gol. E a pontaria não sofreu qualquer abalo com a parada de dois meses do futebol alemão por conta da pandemia da covid-19.
Não à toa, ele venceu na temporada passada a Liga dos Campeões da Europa, Campeonato Alemão, Copa da Alemanha e Supercopa da Alemanha com o Bayern. Quer mais? Nas três primeiras, ergueu a taça sendo o artilheiro. Para completar, deixou para trás a fama de sumir na hora H, que o perseguia desde os tempos de Borussia Dortmund. Na fase final da última Champions, em Lisboa, Lewa também marcou seus gols e foi decisivo para a conquista.
E na temporada atual ninguém segura o atacante de 32 anos, com 20 gols anotados em 21 partidas. Um monstro da grande área e que finaliza bem tanto com os pés quanto com a cabeça. Por tudo isso, seria absurdo ver o The Best cair no colo de Messi ou CR7, que seguem como as principais referências do futebol nos últimos 15 anos, inegavelmente, mas em 2019 e 2020 não chegaram nem perto do poderio ofensivo de Lewa.
Outro aspecto positivo da conquista do prêmio pelo camisa 9 é que ela faz os holofotes obrigatoriamente se voltarem à Polônia. Trata-se de um país apaixonado pelo futebol, mas que nunca conseguiu feitos tão expressivos neste esporte quanto em outras modalidades, como o vôlei e o handebol. Nascidos nos anos 70 e 80 se recordarão ótimas campanhas polonesas em Copas do Mundo e nomes como Lato, Boniek e Lubanski, mas o negócio parou por aí.
De 30 anos para cá, quando as premiações individuais viraram febre, quase todos que ganharam votações como a de ontem são europeus das grandes potências ou sul-americanos. Somente uma vez um africano, por exemplo, foi eleito o melhor do mundo: o liberiano George Weah, em 1995. Por isso, também vejo a conquista de Lewandowski como um passo gigantesco na democratização de fato e de direito do futebol. Graças a um polonês bom de bola.