Grêmios estudantis: o instrumento e caminho para o início da mudança política
Enquanto vemos discussões incoerentes e desrespeitosas nas assembleias, câmaras e congressos, nossos jovens dão aula de democracia, respeito e tolerância
Em um momento no qual ser político ou fazer política é visto com maus olhos, sou surpreendido positivamente com o renascimento dos grêmios estudantis. Após muitos anos esquecidos, vemos cada vez mais jovens retomando o funcionamento dessas agremiações.
O incentivo para a criação e participação desses grupos estudantis é de extrema importância, não só para que os alunos se apropriem de algo que é deles, que é a escola, como para que potencializem sua voz e aprendam democraticamente a agir politicamente, para conciliar diversas opiniões por meio do diálogo.
Esse protagonismo juvenil foi destaque e de suma importância para a resolução de problemas que escolas estaduais estão sofrendo, e vivenciamos isso em Santos, na Escola Estadual Antonio Ablas Filho. Os alunos atuaram com responsabilidade e compromisso para defender não só seus direitos, como seus interesses em adquirir conhecimento.
Essa mobilização, que ganhou destaque na imprensa, fez com que despertasse um problema ainda desconhecido, e não é a falta de professores, como você leitor pode estar imaginando, e sim, a problemática para efetivar a contratação.
Professores para darem as aulas existiam, porém, eram impossibilitados de assumir, pois a lei complementar que institui o regime de dedicação plena e integral do estado é extremamente rígida e intransigente, impossibilitando educadores graduados a cobrirem as lacunas existentes.
Graças aos jovens santistas, que se manifestaram e, respeitosamente, chamaram a atenção para este problema, constatei que esta problemática vinha ocorrendo em diversas cidades do estado, e absurdamente os alunos estavam ficando sem aulas.
Com base nisso, e tendo em posse o mandato que me foi constituído por meio do voto, apresentei o Projeto de Lei Complementar nº 25, que altera tal lei, com o objetivo de flexibilizar as normas estabelecidas pelo PEI (Programa de Ensino Integral), lutando para que os alunos sigam seus estudos de forma contínua e não sejam prejudicados pela falta de estrutura ou por limitação da lei.
A esses jovens, que não só me apresentaram um problema como me aproximaram da direção da escola e, juntos, concluímos qual era a solução, quero agradecer, não por colaborarem com o meu mandato, mas por acreditarem na política, por fazerem política.
E assim sim, teremos um Brasil melhor, pois a política é objeto de mudança, e quanto mais pessoas se engajarem, teremos um país maduro politicamente e uma sociedade mais justa e igualitária.
Que mais jovens corajosos como Beatriz, João, Dyamê, Ohanna, Verônica, Caio, Tawanny, Nelton, Leonardo, Sarah, Diego, Gabriel e Victoria sejam incentivados e que mudem não só suas escolas, como seus bairros, sua cidade, seu estado e nosso país!