Parcerias no cuidar do próximo

O primeiro exemplo de entidade sem fins lucrativos no Brasil é a Santa Casa de Misericórdia de Santos

Por: Paulo Alexandre Barbosa  -  04/06/22  -  10:51
Restaurantes Bom Prato do Dique da Vila Gilda e do Morro São Bento são mantidos com ajuda de instituição
Restaurantes Bom Prato do Dique da Vila Gilda e do Morro São Bento são mantidos com ajuda de instituição   Foto: Divulgação: Governo do Estado de SP

A Parábola do Bom Samaritano, em que um pobre judeu é socorrido por um estrangeiro, após ter sido ignorado por figuras da sua própria sociedade, é uma das mais famosas da Bíblia. Ela ilustra a compaixão que deve ser aplicada a todas as pessoas, tão importante quanto conhecer a Lei de Deus. “Amar ao próximo como a si mesmo” é a mensagem.


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De forma similar, na Constituição Brasileira todos são iguais perante a lei, sendo garantida a “inviolabilidade do direito à vida”. Para a promoção deste e dos demais direitos dos cidadãos, o Estado precisa recorrer à colaboração das organizações da sociedade civil.


O primeiro exemplo de entidade sem fins lucrativos no Brasil é a Santa Casa de Misericórdia de Santos, fundada em 1543 com apoio da Igreja Católica. Quase 480 anos depois, hoje o País possui 815 mil ONGs e instituições sem fins lucrativos, segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), 19% no estado de São Paulo (156 mil). Elas geram mais de 2,3 milhões de empregos.


O chamado Terceiro Setor - o Primeiro é o Estado (órgãos públicos) e o Segundo, o Mercado (empresas com fins lucrativos) - é formado pelas organizações religiosas e também por associações e fundações privadas. Elas ajudam a preencher lacunas deixadas pelo poder público e atuam nas esferas municipal, estadual e federal, especialmente na Saúde, Educação e Assistência Social.


Eu sou um grande defensor do segmento e testemunha de muitos trabalhos desenvolvidos por voluntários e profissionais que geram resultados incríveis para uma sociedade mais justa. Entre 2007 e 2011, apresentei o programa Lição de Vida, na TV Canção Nova, e pude conhecer de perto a realidade destas organizações.


Foram mais de 100 visitas em instituições que são referências nacionais, como o Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAACC) e a Fundação Cafu, e a bem-sucedidas iniciativas da nossa Baixada Santista, entre elas a Associação Equoterapia, Casa da Esperança e a Casa Cactos, promotoras de atendimentos especializados de qualidade.


Quando estive à frente da Prefeitura de Santos, estreitamos os laços com o Terceiro Setor. Um exemplo exitoso foi a parceria com a Ong Vidas Recicladas - braço social da Igreja Bola de Neve - na gestão da Casa das Anas e da Casa Êxodo. Os espaços de acolhimento já promoveram mais 800 acolhimentos para pessoas em situação de rua.


Também com a instituição são mantidos os restaurantes Bom Prato do Dique da Vila Gilda e do Morro São Bento, que ofertam 2.300 refeições por dia (café da manhã e almoço) a preços populares. Durante a pandemia, mais de 4 mil/dia (incluindo jantar). Já na rede de ensino, há o projeto Escola Vidas Recicladas, oferecendo atividades culturais, artísticas e esportivas para 400 crianças e adolescentes.


Na área da Saúde, implementamos três UPAs, o Complexo dos Estivadores, o novo Ambesp e a Clínica-Escola do Autista por meio da gestão compartilhada com organizações sociais. Os equipamentos promovem serviços gratuitos de excelência, a inclusão de pessoas com deficiências e melhoram os indicadores, com destaque para a redução da mortalidade infantil, que chegou ao menor índice da história da Cidade (7,2 a cada mil nascidos vivos). Exemplos práticos de “amor ao próximo” e de que as parcerias podem resultar na melhor assistência dos que mais precisam.


Mesmo que cuidemos dos necessitados, se não tivermos compaixão por eles, não temos caridade (ver I João 3:16–17).


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