Sapatadas na Criminalidade

Notícia de mulher que agrediu um criminoso com 'sapatadas', em São Vicente, repercutiu essa semana

Por: Paulo de Jesus  -  19/02/22  -  11:03
Atualizado em 19/02/22 - 11:15
Mulher agrediu um criminoso com 'sapatadas', em São Vicente
Mulher agrediu um criminoso com 'sapatadas', em São Vicente   Foto: Reprodução

No início desta semana foi noticiado pela imprensa um crime que chamou bastante atenção dos moradores da Baixada Santista: uma mulher agredira um criminoso com sapatadas durante um assalto na cidade de São Vicente. Foram divulgadas imagens obtidas através de câmeras de monitoramento instaladas em uma das residências do bairro em que se deu a empreitada. Para se defender, a vítima entrou em luta corporal com um dos bandidos. Eles fugiram com uma pasta de documentos dela, a qual foi recuperada.


O que chama mais atenção é que o crime ocorreu por volta do meio-dia no Centro da cidade, quando a vítima retornava de suas atividades no banco, ou seja, atualmente os assaltantes agridem, roubam e ameaçam os cidadãos com a desenvoltura de como se estivessem praticando uma atividade lícita. Ou pior, atuam sabedores de que estão agindo à margem da sociedade, contudo, ignoram isso, pois consideram que as consequências para os seus maus feitos são insuficientes e não os impedem de praticá-los.


O que resta à vítima? Para a vítima cabe defender-se da melhor maneira possível naquele instante. Sabemos que as boas práticas a serem adotadas numa situação como essa é a de não reagir e é exatamente isso que temos que informar às pessoas. No entanto, impossível recriminar essa mulher por agir em defesa própria. Além de sofrer nessa traumática experiência, não me parece correto dar-lhe lição de moral ou recriminá-la por ir de encontro ao bandido com sapatadas. As mulheres já sofrem demais na nossa sociedade, seja nas ruas, como no caso objeto da presente coluna, ou no ambiente doméstico com casos estarrecedores noticiados diariamente, enfim, cabe-nos nesse instante apenas conceder apoio incondicional.


Para caminharmos no sentido de uma solução para esse estado de coisas precisamos tomar duas medidas especiais no combate à criminalidade. Legislações modernas e em sintonia com a nossa realidade social é o primeiro passo, punindo de forma proporcional todos os crimes contra o patrimônio, desde o furto ou roubo, até a receptação, por exemplo. Juntamente a isso, penas rigorosas, justas e, especialmente, que demonstrem de forma efetiva que os crimes têm consequências. Não podemos mais legislar na seara criminal levando-se em conta a matéria midiática do momento e, sim, pensarmos nessa problemática como um todo.


O segundo passo é o investimento na educação visando que as pessoas se tornem protagonistas do seu processo social, proporcionando desde o exercício de uma profissão até o despertar da consciência que o bem individual será possível apenas com o ganho coletivo. Caso contrário, nós seremos expectadores de imagens apresentando jovens que poderiam estar estudando, mas estão nas ruas cometendo crimes e cidadãos que, para se verem defendidos, precisam fazer uso dos próprios sapatos para manterem a sua integridade. Não temos mais como adiar essa mudança.


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