Política Brasileira em transe

A esperança é um sentimento difícil de ser cultivado dentro do ambiente político

Por: Paulo de Jesus  -  23/04/22  -  06:39
Política Brasileira em transe
Política Brasileira em transe   Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE

Estamos às portas de um importante processo eleitoral no Brasil. As campanhas terão início sob o ponto de vista legal em meados de agosto, mas a sensação que experimentamos atualmente é de intensa movimentação política. E não é para menos, basta observarmos o noticiário e as redes sociais para constarmos que o assunto “eleições” tomou conta de parte significativa da nossa vida e as discussões a respeito desse tema estão por todos os lados, desde o almoço em família até eventos musicais realizados aqui ou no exterior.


Os partidos políticos têm papel de destaque em toda essa movimentação, com estimativa de despesas atingindo cifras milionárias. A previsão é de gastos em torno de R$ 3 milhões de reais por sigla de cada presidenciável antes mesmo da efetiva briga por votos. Contratação de marqueteiros, viagens e gastos com impulsionamento nas redes sociais dão o tom de como serão os próximos meses dos brasileiros empurrados para essa disputa sem mesmo serem convidados. E terá muito mais de onde esse dinheiro veio, afinal, esse sufrágio conta com 1 bilhão de reais de dinheiro público para garantir o andamento da campanha eleitoral em todo país.


E de outra banda estamos nós, os eleitores, funcionando como verdadeiros expectadores desse momento tão importante e revestidos de um sentimento de impotência real. Pagamos por isso, (e pagamos caro!) afinal, 1 bilhão de reais poderiam ser utilizados para atender demandas concretas da sociedade, e não utilizados para a realização de um espetáculo que não escolhemos assistir. Somos tomados por promessas que jamais foram atendidas e pleitos que passado o período das eleições voltam para as gavetas de sempre. A esperança é um sentimento difícil de ser cultivado dentro do ambiente político brasileiro.


Não se trata de uma situação nova, em absoluto. O extraordinário Glauber Rocha com o seu aclamado filme “Terra em Transe” de 1967 já nos remetia a um cenário político caótico, de loucura e disputa de poder. No filme o protagonista tem que escolher entre um ditador e um político controverso por suas alianças espúrias para governar a fictícia Eldorado. Quaisquer semelhanças são meras coincidências! Esse filme nos alerta que o povo brasileiro está destinado a lutar entre a cruz e a espada desde sempre.


Diante desse turbilhão de sentimentos, o acirramento dos ânimos por discussões políticas é uma consequência natural. O debate de ideias e o bom senso dão lugar a argumentos rasos e agressividade. Amizades são colocadas em jogo e familiares deixam de se falar em razão de conflitos advindos do seu “político de estimação”, os quais, independentemente da coloração partidária, geralmente não estão se importando com o bem-estar dessas pessoas. Ao contrário, procuram dividir para dominar e manter o controle político a qualquer preço.


Não podemos permitir esse movimento. É necessário que saibamos valorizar o debate deixando de lado as paixões, discutindo opiniões para que possamos construir um consenso produtivo. É preciso dialogar atuando no campo das ideias, sem agressões e, especialmente, escolher o melhor candidato, analisando o seu histórico profissional, pessoal e moral, pois, somente dessa forma exercitaremos a boa política para a construção de um país melhor para todos.


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