Há momentos em que o silêncio não é a melhor opção

Mario Celso Petraglia se irritou com a pergunta de um jornalista

Por: Marcio Calves  -  03/07/22  -  17:26
Presidente do Athletico, Mario Celso Petraglia
Presidente do Athletico, Mario Celso Petraglia   Foto: Divulgação/Athletico

O presidente do Athletico-PR, Mario Celso Petraglia, sempre foi mais conhecido por sua verborragia destemperada. Não foram poucas as vezes em que teve mídia por declarações polêmicas, a maioria, porém, sem argumentação convincente. Uma caricatura frágil do famoso Eurico Miranda, dirigente que fez história no Vasco da Gama, por seu estilo agressivo e forte personalidade, que não hesitava em falar o que pensava e desafiava a tudo e a todos.


Entre os dois, duas grandes diferenças: o peso do clube que representavam e o nível cultural. Eurico era do Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, enquanto Petraglia ainda hoje comanda o Athletico-PR. A postura do carioca, sem julgamento de mérito, era natural, enquanto a de Petraglia é própria dos truculentos, que buscam nas manifestações contundentes e polêmicas o retorno midiático.


Há alguns dias, na apresentação do novo reforço do clube, o volante Fernandinho, de 37 anos, que espontaneamente se desligou do Manchester City, o dirigente paranaense se irritou com a pergunta de um jornalista sobre as razões que levaram o jogador a optar pelo Athletico, mesmo tendo recebido propostas de grandes clubes do Brasil, entre eles o Santos. Petraglia entendeu que o profissional estava desconsiderando o porte de seu time, que não estaria entre os chamados “grandes” do futebol brasileiro.


Numa reação desequilibrada, inicialmente, despejou sua ira contra o Santos e, na sequência, literalmente menosprezou os grandes clubes do Brasil, passando por Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Só escaparam Flamengo e Palmeiras, esse último ironizado por ter uma mulher na presidência que sonha em dar ao time o título de campeão mundial. Segundo Petraglia, todos estão praticamente quebrados, com dívidas absurdas e sem gestões profissionais.


Sem dúvida, a situação da grande maioria dos clubes é extremamente preocupante, porém, nada apaga a história de cada um. Num determinado momento, disse: “O Athletico-PR passou o Santos de trator... o Santos não tem teto...”. Com declarações semelhantes, ironizou Corinthians, São Paulo, Grêmio, Vasco, Botafogo e outros.


No mínimo, ao se referir ao Santos, principalmente pela forma, foi profundamente infeliz. Independentemente da situação financeira de momento e do modelo de gestão, não cabe comparação entre os dois clubes. A história do Santos é única, nenhum clube conseguiu sequer se aproximar dos feitos e conquistas do time que encantou o mundo e até hoje é referência no futebol mundial. Petraglia, além de infeliz, foi grosseiro, mal-educado e faltou com o respeito geral.


Não se destaca eventuais virtudes ou méritos apontando problemas ou erros de terceiros. Ao optar por essa linha de defesa de seu clube, para demonstrar que está entre os “grandes” do futebol brasileiro, Petraglia se perdeu por completo. Deixou em segundo plano o próprio Athletico-PR, que tem até um título de campeão brasileiro, conquistado em 2001, ainda que não no modelo de pontos corridos.


No futebol, infelizmente, não existem diplomacia e nem relações institucionais sérias. Porém, era o caso de o Santos (e até outros) romper relações com o clube paranaense, ou, no mínimo, exigir uma retratação pública. Há momentos em que o silêncio não é a melhor opção. Até para restabelecer a verdade ou enquadrar o personagem na sua devida insignificância.


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