O prazer sexual da mulher
Nos consultórios de terapia sexual, a queixa mais frequente é a dificuldade da mulher em ter orgasmo
Vários estudos na área do prazer sexual feminino indicam que, em média, uma em cada cinco mulheres relatam dificuldade em ter orgasmo. Mas hoje sabemos que, sem dúvida, 90% dos distúrbios sexuais femininos têm origem psicológica, reforçada por valores sociais ou culturais.
Vergonha de tocar o próprio corpo, se apropriar dele reconhecendo suas zonas erógenas - que diga-se de passagem não são as mesmas para todas as mulheres -, falta de diálogo e espaço para tirar dúvidas, que deveria ser natural mas é muito emblemático, intimidade com a parceria entre outras questões ocorrem na sua maioria fora do reduto da cama ou do quarto.
Nesse sentido, recebi um e-mail muito sério a respeito do tema de uma leitora que gostaria de dividir com vocês.
Por que às vezes precisa baixar uma “entidade”, incorporar a “pomba gira” para a vontade de transar aparecer e acompanhar o marido?
Essa pergunta me enseja a falar de algo ainda muito complicado e difícil de viver naturalmente, estou falando do direito que a mulher tem de exercer sua sexualidade com liberdade e segurança.
Qualquer pessoa pode estar se dizendo que isso é papo furado, pois desde os anos 60 as mulheres estão totalmente liberadas. Isso é verdade na teoria, e não necessariamente na prática.
Ainda hoje as mulheres têm a ideia de que o único beneficiário de uma vida sexual prazerosa é o homem e a nossa cultura reforça isso, mesmo quando se acredita ter direito, a mulher não sabe entrar em contato com seu desejo e colocá-lo em prática.
Ainda hoje as meninas são criadas e educadas tendo como parâmetro um homem para quem tudo é permitido e que a elas só resta aceitar a submissão. Essa é a verdade que está no inconsciente feminino, impedindo que as mulheres usufruam também de seu corpo e de seu parceiro com carinho e cumplicidade achando que estão apenas cumprindo um dever.
Perceber que seu corpo reage aos estímulos sexuais e permitir-se viver isso com foco no seu prazer e não em obrigações ou papéis definidos, ajuda que as mulheres entrem em contato com o mais íntimo de seu ser e reconhecendo o seu direito e potencial sexual sejam donas de sua trajetória usufruindo de sua sexualidade com alegria ,prazer e encontro com a pessoa por quem tem afeto e ou desejo .
Serviço de utilidade pública
O Projeto Afrodite, que faz parte do Departamento de Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), tem o intuito de orientar mulheres sobre a sua sexualidade em todos os sentidos, do reconhecimento do próprio corpo a como obter prazer nas relações sexuais. Ali, as interessadas podem assistir palestras com especialistas da área (psicólogos, médicos e fisioterapeutas), além de aprender métodos de relaxamento e exercícios para fortalecer o períneo, por exemplo.
Pacientes com distúrbios sexuais, como vaginismo e perda de libido, também podem encontrar ajuda com os especialistas do Projeto, que vão orientá-las sobre o tratamento a ser seguido. As atividades e intervenções são realizadas no Ambulatório de Sexualidade da Unifesp, que fica na Rua Embaú, 66, na Vila Clementino, em São Paulo.Mais informações pelo telefone: (11) 5576-4848, ramal: 17084