É normal ter atenção por outros homens ou mulheres fora o seu par?

Sem fazer apologia de traição ou adultério, o campo da psique admite que os caminhos do coração são indeterminados

Por: Marcia Atik  -  29/06/22  -  06:54
Atualizado em 29/06/22 - 11:19
Terapeutas de casais podem assegurar que relacionamentos, mesmo os mais felizes, envolvem muitas razões para sustentá-los
Terapeutas de casais podem assegurar que relacionamentos, mesmo os mais felizes, envolvem muitas razões para sustentá-los   Foto: Reprodução/FreePik

Essa pergunta do título mexe profundamente com nossos valores e crenças, pois, intimamente quase todos nós já vivemos este conflito na fantasia, no segredo da alma. Sem fazer apologia de traição ou adultério, o campo da psique admite que os caminhos do coração são indeterminados, envolvendo duas situações fortes e reais: a dos sentimentos e desejos e as convenções sociais.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


Terapeutas de casais podem assegurar que relacionamentos, mesmo os mais felizes, envolvem muitas razões para sustentá-los. E nem por isso satisfazem todas as necessidades das pessoas.


O romantismo nos inspira a admitir apenas uma parceria amorosa, e isso não impede que desejemos outras pessoas. O desejo erótico escapa de nosso controle, mas a escolha do caminho, o comportamento diante do desejo, esse é de nossa escolha e responsabilidade.


Entender que o sentimento não é construído, mas, que a relação sim, torna-se fundamental para que -sem hipocrisia- possamos entender o que sentimos, para a partir daí fazermos nossa escolha.


A verdade é que não existe ninguém capaz de satisfazer todas as nossas expectativas. Conviver com algumas faltas faz-se mister em qualquer relação que se preze. Saber que sexo, paixão e amor têm movimentos próprios.


O esforço criativo para ter-se felicidade é compreender esses movimentos e, com muita intimidade amorosa, dividir isso com o parceiro para equalizar as necessidades sem ferir ou ser ferido.


Mas há questões cruciais como ética, respeito e correspondência aos contratos celebrados quando através da paixão, amor, atração e principalmente admiração, escolhemos aqueles com quem desejamos viver a nossa intimidade sexual e afetiva.


Dentro desse contexto podemos, sensíveis aos estímulos de Eros, nos deslumbrarmos com outrem que nos inunde de emoção, desejo ou tentação.


Nós mesmos, e não a sociedade, delinearemos o caminho a seguir dentro de nosso projeto de vida sem negar a vulnerabilidade aos surtos de paixão que permeiam uma relação duradoura e construída.


Se não nos permitíssemos esses surtos, não questionaríamos a validade e o empenho que temos em manter uma relação duradoura, lapidada, e algumas vezes reformada com perdas, e assim dar espaço para renovação e crescimento, ficando submersos pela força estagnada da certeza da exclusividade.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver todos os colunistas
Logo A Tribuna