Masturbação também é assunto de menina
Além de alguns poucos fatores, fica claro que a educação sexual feminina peca em reforçar comportamentos e padrões repressivos que acabam sendo a marca dessa vivência
Atualizado em 07/06/21 - 16:02
A dificuldade para chegar ao orgasmo é uma questão predominantemente feminina. Isso fica explícito no livro 'Descobrimento Sexual do Brasil',cuja amostragem define que a dificuldade sexual feminina é cinco vezes mais prevalente que a masculina.
Além de alguns poucos fatores, fica claro que a educação sexual feminina peca por reforçar comportamentos e padrões repressivos, que acabam sendo a marca dessa vivência.
As mulheres mais novas e as mulheres acima de 60 anos são as mais atingidas por essa questão, com um índice um pouco menor entre as mulheres de 40 a 50 anos.
Na experiência da prática clínica fica muito claro que a desinformação e a ignorância do próprio corpo são o pontapé inicial para uma vida sem o desfrute de uma sexualidade prazerosa.
Exercer a curiosidade com o próprio corpo é uma das maneiras mais saudáveis de se autoconhecer, o que é uma necessidade pura do ser humano, é instintivo é altamente reprovada quando se trata de meninas.
A automanipulação não é prejudicial, pelo contrário, ela é benéfica, já que ajuda a pessoa a se conhecer, a entender o mecanismo do seu corpo para obter prazer individualmente e na relação sexual.
Muitas mulheres não têm a coragem de admitir que se masturbam, que gostam de experimentar as sensações que a sexualidade proporciona. Isso é um segredo, pois carrega consigo uma pecha muito difícil de suportar.
É fato que estamos habituados a ver os meninos serem incentivados à prática masturbatória, enquanto as meninas são incentivadas a não se manipular. Essa repreensão é baseada em uma série de mitos e crenças ineficazes à realidade como, por exemplo: 'menina de família não deve fazer isso', 'vai machucar', 'perde o desejo sexual' e mais dezenas deles.
Ao longo da história da humanidade, mitos surgiram para criar um processo de repressão moral e religiosa da masturbação. Na Idade Média, masturbar-se era considerado um grave ato pagão, chegando a ser punido com a morte na fogueira.
A saúde sexual é considerada um direito humano básico pela WAS (Associação Mundial pela Saúde Sexual). Segundo a Declaração dos Direitos Sexuais, "a sexualidade é uma parte integral da personalidade de todo ser humano. O desenvolvimento total depende da satisfação de necessidades humanas básicas, tais como desejo de contato, intimidade, expressão emocional, prazer, carinho e amor".
Dar prazer ao próprio corpo traz uma intimidade consigo e com seus desejos além das zonas erógenas, que pode não ser fácil para algumas pessoas, por questões sociais e culturais. Mas se conhecer e se satisfazer pode ser um caminho de descobertas e pode fazer muito bem à vida sexual, desde que se alcance esse prazer sem culpas.
Existem atualmente no mercado sexual diversos produtos estimulantes para o prazer feminino e do casal. Hoje sabemos que o número de mulheres que procura por vibradores, brinquedos eróticos e géis térmicos é superior ao número de homens.
A única maneira da masturbação ser prejudicial é no caso de uma compulsão sexual, pois, assim, a automanipulação irá ser usada a todo momento para diminuição de um estado de ansiedade, prejudicando o dia a dia dessa pessoa, atrapalhando em sua rotina e deveres. Nesse caso, é necessário procurar ajuda especializada.