Sinal vermelho
A pandemia do novo coronavírus afastou muitos doadores regulares de sangue e dificultou a chegada de novos
Ao longo deste segundo semestre, o Hemonúcleo de Santos (que fornece sangue para Mongaguá, Bertioga e São Vicente, além de Santos) assistiu as doações caírem cerca de 60%. O fenômeno não é exclusivo da Baixada Santista. A Fundação Pró-Sangue, maior hemocentro do país e que abastece 100 instituições de saúde públicas do Estado, está com uma capacidade de apenas 40% em seus estoques.
A situação está passando de difícil para crítica. A pandemia do novo coronavírus afastou muitos doadores regulares e dificultou a chegada de novos. Nesta quarta-feira (25), o Dia Nacional de Doadores de Sangue, mais do que comemorado, marcou a luta e o desafio que os hemocentros têm para manterem suas atividades.
Nos próximos dias, a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) deve votar o projeto do Orçamento do Estado para 2021. Apresentei uma emenda à matéria que pretende remanejar R$ 20 milhões para a implantação de postos de coleta de sangue nas unidades do Poupatempo. Muitas das pessoas que frequentam o serviço podem ficar mais motivados a realizar a doação ali, sem ter que se locomover a um hemocentro.
Esta foi mais uma das iniciativas que nosso mandato tem procurado sugerir para enfrentar o problema. Propus à Secretaria de Estado da Saúde a criação do Hemóvel, um ônibus adaptado para providenciar a coleta de sangue em diferentes municípios, em áreas públicas, com o objetivo de posteriormente redistribuir as bolsas aos hemocentros mais necessitados.
Também consegui viabilizar R$ 300 mil em emenda parlamentar para uma demanda antiga do Hospital Guilherme Álvaro (HGA), em Santos: a compra de uma máquina de aférese, técnica utilizada na separação dos componentes do sangue com o auxílio de um equipamento moderno e mais seguro.
Acredito que, enquanto agente público, tenho a obrigação de encontrar formas para estimular os cidadãos a praticarem esse ato de solidariedade e cidadania. E vamos continuar nesse trabalho.
Conforme o Ministério da Saúde, 1,6% da população brasileira doava sangue em 2018 – portanto, antes do advento da Covid-19. O índice nos colocava dentro da média esperada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomenda uma taxa de 1% a 3% de doadores para que um país atenda às suas próprias necessidades.Mesmo assim, também segundo o ministério, desde 2016 o Brasil registra queda no total de bolsas de sangue coletadas, enquanto o número de transfusões aumenta. Temos que virar esse jogo a tempo, senão a conta não vai fechar.