Ponte ou túnel? O que importa é a população

A história da ligação seca praticamente acompanha a política paulista

Por: Júnior Bozzella  -  14/02/22  -  06:17
Até agora não vi nem o túnel e nem a ponte que ligaria Santos à Guarujá saírem do papel
Até agora não vi nem o túnel e nem a ponte que ligaria Santos à Guarujá saírem do papel   Foto: Matheus Tagé/AT

Depois de várias décadas, ao que tudo indica, a tão sonhada ligação seca Santos - Guarujá sairá do papel. Há mais de 90 anos a população da Baixada Santista convive com projetos para viabilizar a obra, mas até o momento ficamos apenas nas promessas.


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A história da ligação seca praticamente acompanha a política paulista, teve início quando o governo de São Paulo era dirigido por Júlio Prestes, passando por Adhemar de Barros até chegarmos em José Serra e Geraldo Alckmin. Todos eles fracassaram. Lá se vão quase 100 anos de espera, falsas promessas e frustrações.


O anúncio da construção de um túnel ligando Santos ao Guarujá foi mais uma vez feito na última semana pelo Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, em visita à Baixada Santista. Como morador da região o que eu mais quero é que tanto o projeto do túnel quanto o da ponte saiam do papel, porque o que importa agora é atender às necessidades da população. Contudo, por ter não só acompanhado o histórico, mas por fazer parte dessa luta já há quase dez anos, vejo com certo ceticismo esse anúncio, porque já participei de outros e até agora não vi nem o túnel e nem a ponte que ligaria Santos à Guarujá saírem do papel.


Em setembro de 2013 participei de reunião com o então Ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro na sede do Bando do Brasil em São Paulo. Na ocasião, Aguinaldo Ribeiro garantiu que o túnel seria construído através da inclusão da obra no PAC-2 Mobilidade Urbana (Programa de Aceleração de Crescimento), mas quase dez anos depois vemos que isso nunca aconteceu. Desde então a minha luta e o meu trabalho para viabilizar essa ligação seca seguem.


Como homem público envolvido em todas as questões que dizem respeito ao desenvolvimento da Baixada Santista a nossa missão até aqui foi além de ponderar quais vantagens e desvantagens de ponte ou túnel, mas cobrar que aquele que tivesse maior viabilidade fosse o quanto antes tirado do papel. Estamos falando já de uma discussão centenária. A população está cansada de promessas, espera e precisa de ação! Por isso temos trabalhado de forma insistente tanto junto ao governo estadual quanto federal para cobrar a execução de um dos projetos, ou quiçá dos dois, se assim for possível.


Na Câmara Federal, através da Comissão de Viação e Transportes (CVT) ampliamos as discussões sobre qual seria o melhor projeto junto às entidades ligadas ao setor, especialistas e sindicatos. Discutimos quais os impactos de cada projeto, túnel e ponte, e chegamos à conclusão que ambos têm pros e contras, contudo qualquer um deles seria de grande valia para atender aos cerca de 1 milhão de moradores da Baixada Santista. Na condição de presidente da Frente Parlamentar Mista do Portos também pautei em âmbito federal a discussão técnica do tema em ambos os colegiados.


Desde o início do mandato fizemos uma de discussões sobre o assunto com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, em relação a problemática que pode representar o local onde o projeto da ponte está sendo desenhado.


Na época ele me garantiu que a transferência do projeto da ponte para um túnel era uma opção que seria tratada como prioridade e avaliada pelo ministério junto à SPA (Santos Port Authority). E dessa forma viemos trabalhando até aqui, fazendo a interlocução entre as partes para que a população e a atividade portuária não corram o risco de serem prejudicadas.


Como disse, essas discussões não são recentes, pelo contrário, houve muito trabalho de dezenas de lideranças ao longo de décadas para que chegássemos hoje perto de ter o sonho da ponte/túnel ligando Santos à Guaruja concretizado, e com muita honra eu tenho a felicidade de dizer que sou uma delas, que trabalho muito desde que assumi o meu primeiro mandato como vereador de São Vicente em 2013 para tirar a tão aguardada ligação seca do papel.


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