Nelsinho Exel, Eterno!

Morando perto da praia do Itararé, em São Vicente, ele descobriu o surfe e conheceu os surfistas pioneiros

Por: Gabriel Pierin  -  01/03/22  -  06:28
  Foto: Divulgação

Nelson Exel nasceu em Araraquara, no dia 16 de novembro de 1953. Em 1962 o pai recebeu uma proposta de trabalho da Cosipa e a família mudou-se para a acolhedora São Vicente, no litoral paulista.


Foi no Colégio Martim Afonso que Nelsinho fez suas primeiras amizades. Morando perto da praia do Itararé, ele descobriu o surfe e conheceu os surfistas pioneiros das praias paulistas, entre eles os irmãos José Carlos e Chico Paioli, Dudu e Carlinhos Argento, Eduardo Faggiano, o Cocó, Fernandão e Nei Sobral.


Aos 14 anos ele procurou José Paioli. Em 1967 o surfe paulista vivia a transição para as pranchas de fibra e os pioneiros experimentavam os novos materiais e técnicas, entre elas o isopor e a resina. O jovem Nelsinho não apenas encomendou uma prancha com o amigo como participou do processo de fabricação da sua primeira prancha de fibra de vidro, apelidada de bananinha, devido à curvatura na rabeta.


Nelsinho levou a experiência adiante e fez do talento o seu ofício. A casa na rua Rangel Pestana 327, no bairro Boa Vista, em que vivia com seus pais Paulo e Soeli e sua irmã Sônia, dois anos mais velha, tinha uma imensa garagem e serviu de oficina para a produção de pranchas ao lado dos amigos Vicente Ferraro, Longarina e Flávio LaBarre. Era o início da Nel Surfboards.


A carinhosa recepção de Dona Soeli com seus deliciosos bolos e da cachorrinha de estimação Moreninha, tornou a casa um point de encontro e de partida para os inesquecíveis finais de tarde de surfe no Itararé ou na Porta do Sol, ao lado de Miroel Couto, Salviano, Sérgio Heleno, Armandinho, Pezinho, Paulo Miorim, entre outros.


Quando o Guarujá se apresentou como um destino próximo de grandes ondas e águas cristalinas, a galera passou a se reunir e enfrentou os desafios para atravessar o estuário em busca da onda perfeita. De carona, busão ou nas surftrips na Kombi do Elyseu, as idas para o Guarujá fortaleciam os elos de amizade entre a juventude das praias santistas.


No início da década de 1970, Nelsinho estava no auge da sua vida. Bonito e carismático, ele namorava a jovem Teca, 15 anos. No entanto, aos 18 anos, o surfista foi vítima de um grave acidente de trânsito quando estava indo surfar no Guarujá.


Socorrido e levado ao hospital, Nelsinho não resistiu e morreu três dias depois. A sua passagem completou 50 anos, mas o seu espírito aventureiro e livre ainda está vivo na lembrança daqueles que conheceram o encantador garoto de cabelos louros e sorriso largo, especialmente Vicente Ferraro, grande amigo e companheiro de jornada. Em sua homenagem, Ferraro organizou cinco campeonatos de surfe, o primeiro deles com a ajuda de Lobinho, outro grande amigo, foi um sucesso e contou com a participação de grandes nomes do surfe, como os cariocas Rico e Mudinho.


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