Milica, um Artista do Surfe

No canto direito, Wanderley “Milica” ao lado dos amigos no auge da juventude

Por: Gabriel Pierin  -  05/07/22  -  06:24
Da esq. para dir.: Ruy, Barletta, Cícero, Almerindo, Udo Sander, Alemão, Ivan e Milica
Da esq. para dir.: Ruy, Barletta, Cícero, Almerindo, Udo Sander, Alemão, Ivan e Milica   Foto: Arquivo Pessoal

Wanderlei Pascoal Fuzetto nasceu em Santos, no dia 23 de outubro de 1950. Criado nas praias santistas, o menino correu atrás das ondas desde pequeno. Aos oito anos já pegava jacaré e aos 12 comprou sua primeira pranchinha com alça feita de compensado da marca Mediterrâneo, na tradicional Marques Magazine.


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Em 1966, ele e o amigo Sérgio Barletta se deslumbraram com as fotos de surfistas sobre tábuas havaianas nos recortes de revistas. Nessa mesma época os dois viram uma prancha de madeirite numa loja e decidiram fabricar a própria prancha com uma tábua de compensado.


Porém foi em 1967 que aconteceu um dos dias mais gloriosos na vida de Wanderlei. Foi quando ele ganhou uma prancha Glaspac de fibra de vidro novinha do tio. A partir daquele dia ele passou a se considerar um surfista de verdade. Foi com essa prancha que ele participou do único torneio de sua vida, o histórico 2º Campeonato Paulista de Surf, em 1968, no Guarujá. Wanderlei participou dos “surfaris”, as surftrips pelo Guarujá e Litoral Norte, ao lado de Homero, Vergara, Barletta, desbravando praias que se tornariam destinos turísticos no futuro.


O surfe acabou abrindo outras portas para Wanderlei. Do seu talento artístico, nasceram os desenhos que estamparam as camisetas de surfe da Twin Surfwear, Homero, Força Local, Sthill, Caribe, Roni Surf. Um tempo bom em que mesclava o trabalho com dias de surfe, no auge de sua juventude.


Wanderlei também inspirou uma outra geração de surfistas, especialmente os amigos de toda a vida, os irmãos Fukuda, Marcelo e Marcio, na época com 12 e 11 anos. Para eles, Wanderlei construiu duas pranchas tipo caixotinho.


Em 1969 o surfista entrou na Escola da Aeronáutica, onde formou-se sargento desenhista. Ele viveu em Brasília entre os anos 1971 e 1973. Sempre que podia partia da capital federal no seu fusquinha e atravessava o país para pegar onda aos finais de semana, feriados e férias, em Santos. Dessa experiência, ganhou o apelido que o acompanharia: Milica. Longe da rigidez dos quartéis, sua vida se fez no livre poder de criação.


Em 1974, mudou-se para o prédio dos Vergara, na Prost Souza. Em 1982, casado, Wanderlei e esposa mudaram-se para São Lourenço, em Minas Gerais. Durante oito anos, realizou muitos desenhos arquitetônicos, maquetes, murais. Dez anos depois, uma nova mudança, dessa vez para Boiçucanga. Lá, no litoral norte, foi uma época muito produtiva ligado a arquitetura e construção.


Em novembro de 2000 Wanderlei projetava a sua casa dos sonhos, quando um acidente interrompeu seus planos, mas não sua alegria de pintar e criar. Depois de passar um tempo em Florianópolis, Wanderlei, “o Milica” voltou a Santos, onde vive até hoje do seu talento.


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