Johnny Rice Surfboards

Johnny Frances Rice se mudou para o Guarujá em 1974 e surfava no Tombo

Por: Gabriel Pierin  -  12/07/22  -  06:22
  Foto: Reprodução

Descendente dos povos indígenas Sioux e Potawatomi da América do Norte, Johnny Frances Rice nasceu em Indiana, em 1938, mas cresceu em Santa Cruz, na Califórnia.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


Vivendo no epicentro do surfe, em Malibu, Johnny surfou e competiu com grandes surfistas da época. Aos 14 anos, ele aprendeu a shapear com o pai de todos os shapers: Dale Velzy. Johnny começou a trabalhar com Velzy em um surfshop em Venice Beach.


Em 1957, de volta a Santa Cruz, Johnny trabalhou para os Mitchell Bros. na primeira surfshop da cidade, presenciou a chegada do poliuretano que revolucionaria a produção de pranchas e a introdução da matéria-prima que derrubaria a barreira da água gelada das praias californianas: o neoprene. Ele também acompanhou a explosão do lifestyle rebelde de Malibu.


Em meados dos anos 1960, Johnny se formou oficial da Guarda Costeira e viajou pelas costas leste e oeste até chegar ao Havaí. Lá aprimorou suas técnicas de waterman (salva-vidas), trabalhou ao lado de George Downing como um dos beach boys de Waikiki e aproveitava as folgas surfando nas ondas pesadas do North Shore havaiano.


Tempos depois, Johnny se mudou para a Flórida. Foi quando os brasileiros Alain Birnbaum e Sérgio Sachs cruzaram o seu caminho. Os dois surfistas convidaram o norte-americano para conhecer o Brasil. O shaper presenteou Alain com uma Fish 5’8, idêntica à prancha fabricada para Mike Tabeling, vice-campeão dos Estados Unidos. Johnny foi um dos pioneiros na criação do design. Em 1974, o norte-americano se mudou para o Guarujá e viveu entre os surfistas da Praia do Tombo.


A chegada do gringo revolucionou a produção de pranchas, numa era marcada pelos visionários e pioneiros shapers da região, como Homero e os irmãos Twin. Johnny patrocinou uma geração promissora do Tombo, entre eles Tinguinha, Neno Matos, Neco Carbone. Ele também influenciou grandes marcas e empresários ligados ao surfe, como Alfio Lagnado, da Hang Loose.


Depois de quase seis anos no Brasil, Johnny voltou para Santa Cruz, sua cidade de infância, e reencontrou o primeiro grande amor de sua vida, Rosemarie Reimers, um ícone do surfe de feminino. O casamento, na praia, teve um padre, duas pranchas e um oceano de fundo.


A união com Rosemarie proporcionou o retorno às suas origens. Johnny visitou tribos indígenas e ensinou o surfe aos nativos do norte da Califórnia, pois sempre acreditou no surfe como cura espiritual. O membro do povo origininário norte-americano que amou o Brasil morreu de pneumonia, aos 77 anos, em 2015.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver todos os colunistas
Logo A Tribuna