George Greenough e o Pink Floyd

Seu interesse pela hidrodinâmica conduziu o surfista para os experimentos fora d’água

Por: Gabriel Pierin  -  17/05/22  -  06:27
Crystal Voyager contou com a trilha sonora do Pink Floyd
Crystal Voyager contou com a trilha sonora do Pink Floyd   Foto: Arquivo Pessoal

Nascido em 6 de novembro de 1941, em uma rica e bem relacionada família da cidade de Montecito, na Califórnia, George Hamilton Perkins Greenough aventurou-se desde muito cedo nas águas que banham a Baía de Santa Mônica.


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Greenough iniciou no surfe e, no final da década de 1950, passou a experimentar o kneeboard. Sua intenção era estar mais próximo das ondas e sentir a velocidade que ela proporcionava. Seu interesse pela hidrodinâmica conduziu o surfista para os experimentos fora d’água.


Ele passou a fabricar as próprias pranchas e, ao longo da vida, aprimorou os equipamentos. Greenough ainda estava no Ensino Médio quando acrescentou uma quilha na sua prancha, no formato de uma barbatana de um atum, um peixe rápido e manobrável. A nova quilha era quase um terço menor do que as tradicionais. Além disso, por ser mais flexível, permitia que a energia fosse armazenada e depois liberada nas suas curvas, funcionando como uma mola. O experimento deu certo e Greenough alcançou níveis no surfe acima do padrão da época.


Em 1964, aos 23 anos, ele visitou a Austrália e conheceu Bob McTavish e Nat Young. Os surfistas ficaram entusiasmados com a exibição de Greenough sobre sua kneeboarder, e Nat Young resolveu apostar na nova quilha. Foi com ela que Nat disputou e venceu o Campeonato Mundial de 1966, em San Diego. Bob considerou aquela pequena invenção de Greenough uma grande revolução.


Ao mesmo tempo, Greenough evoluiu na construção das pranchas, tornando-as semelhantes às suas kneeboards. O resultado foi o encurtamento de suas pranchas de surfe e o formato de colher (spoon), com 1,5 metro de comprimento, 23 polegadas de largura e rabeta estreita. Seus inventos causaram a revolução das shortboards entre o final dos anos 1960 e início dos anos 1970.


A obsessão pela melhoria do desempenho das pranchas levou Greenough a novas criações, entre elas a adaptação de uma câmera de filmar em alta velocidade presa aos ombros do surfista, um embrião da GoPro atual. Ele tentou, antes de tudo, integrar o surfista à natureza, na velocidade, no movimento e na magia das ondas. Seu filme The Innermost Limits of Pure Fun usou imagens e sons captados de dentro do tubo e deixou os surfistas alucinados durante a exibição. Foi o primeiro filme a levar o público literalmente para o universo e interior das ondas grandes.


Os efeitos captados ainda influenciaram a banda inglesa Pink Floyd. A banda ficou tão animada que ofereceu o seu repertório para o próximo filme do surfista. Em 1971, Crystal Voyager, um filme levemente autobiográfico, roteirizado por Greenough, mostra sua busca por novas e enormes ondas. Greenough conseguiu aproveitar o talento do Pink Floyd para compor as trilhas sonoras do filme. Isso porque um suposto encontro na Austrália sacramentou o uso deEchoes, principal música programada paraMeddle, álbum lançado na época, numa das melhores sequências do filme.


O surfe moderno deve muito à mente curiosa de George Greenough. O inovador surfista reside em Byron Bay, na Austrália.


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