Festival Brasileiro de Surf

Uma história de sucesso do paulistano mais praiano de todos

Por: Gabriel Pierin  -  05/04/22  -  06:41
Rico, Marcos Berenguer, Daniel Friedmann, Betão e Bocão no pódio do 1º Festival
Rico, Marcos Berenguer, Daniel Friedmann, Betão e Bocão no pódio do 1º Festival   Foto: Paulo Issa/Arquivo Pessoal

Paulo Issa fez de Ubatuba o seu refúgio e do surfe seu estilo de vida. No início do ano de 1970, a Boate da Pesada na capital paulista das ondas promoveu um campeonato de surfe no Canto do Baguari, na Praia Grande, em Ubatuba.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


Os favoritos ao título eram o Ricardo Issa, seu irmão; e Renato Ozores, mas Paulinho acabou como azarão e ficou com o campeonato. O vencedor tornou-se o anfitrião para o campeonato seguinte, em 1971. E a tarefa se mostrou árdua.


Ao melhor estilo dos anos 1970, Paulinho, Ricardo e o primo Carlos percorreram de Fusca a estrada costeira de terra de Ubatuba até Guarujá. Lá, eles distribuíram cartazes feitos de cartolina no centrinho de Pitangueiras.


A incerteza era grande, mas o sonho se concretizou quando uma caravana com pranchas no teto dos carros rompeu a orla da Praia Grande. Os melhores surfistas do Guarujá abrilhantaram o evento, entre eles Egas Muniz, Luiz Mello, Roberto Teixeira, Antônio Brito, Thyola, Serginho Ricardi “Guloseima” e Zé Maria Whitaker. Foi este último que levou o campeonato.


O sucesso foi o estímulo para Paulinho Issa ampliar seus horizontes e fundar a Associação de Surf de Ubatuba, a ASU, em 1972. Com a representação da entidade, Paulinho conseguiu o apoio da Secretaria de Esportes e Turismo de São Paulo para viabilizar cartazes na organização de um grande festival, divulgando-o em Santos, São Vicente, Rio de Janeiro, Niterói, e até para o Sul do País.


Inicialmente agendado para janeiro de 1972, o primeiro Festival Brasileiro de Surf ocorreu em julho devido ao mar flat no verão. Os surfistas inscritos não desistiram e voltaram para concorrer nas altas ondas de julho, e o carioca Rico de Souza foi o primeiro vencedor do festival organizado pela ASU e do início dos grandes Festivais Brasileiros de Surf.


O legado da Squalo
Nessa época, Paulinho Issa começou na fabricação de pranchas. Ele aprendeu com o irmão Ricardo e os sócios Thyola e Brito da Moby Surfboards, a expandir e fazer blocos de poliuretano. De aprendiz virou fabricante. Nascia a Surfax Foam, uma fornecedora de blocos para as marcas de surfboards, Moby, Homero, Twin, LaBarre, Kiko, entre outras.


Com o grande mestre Homero, Paulinho aprendeu a arte da laminação e fez o convite ao amigo Cocó Faggiano para juntos começarem uma marca própria. Surgia a Squalo Surfboards. A oficina da Squalo ficava na cidade de São Paulo, e o marketing eram os reconhecidos shapers que passaram pela marca. Foram mais de 5 mil pranchas confeccionadas pelas mãos talentosas de Ricardo Wanderbill, LaBarre Roberto Ribeiro, Glen D’Arcy, Alexandre Morse, Heinrich Von Schulenburg, Mudinho, entre outros.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver todos os colunistas
Logo A Tribuna