Adelino, um surfista querido

Apesar de berço carioca, o primeiro contato com ondas foi em Santos, quando o pai assumiu cargo de chefia na Alfândega

Por: Gabriel Pierin  -  19/04/22  -  06:36
Lilico deixaria o nome 'Adelino' gravado na história e no coração do surfe santista
Lilico deixaria o nome 'Adelino' gravado na história e no coração do surfe santista   Foto: Arquivo pessoal

Adelino Gonçalves de Oliveira Neto nasceu em Bangu, no Rio de Janeiro, no dia 14 de setembro de 1951. Apesar do seu berço carioca, o primeiro contato com as ondas foi em Santos, quando o pai assumiu um cargo de chefia na Alfândega e transferiu-se para o Porto. Na família, ele tinha o apelido de Lilico, mas deixaria o nome Adelino gravado na história e no coração do surfe santista.


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Ele morou na Rua Oswaldo Cochrane, estudou no Colégio Santista e, no Tarquínio Silva, conheceu Edinho e o surfe. O amigo viveu o tempo das madeirites e das caixas de fósforo, em meados da década de 1960. Quando os novos materiais flutuantes começaram a aparecer, Adelino foi atraído pela fibra de vidro e chegou a produzir um tanque de fibra para motos. A sua vocação para o desenvolvimento de projetos e desenhos era tanta que ele ingressaria no curso de Desenho Industrial na Mackenzie e depois em Arquitetura na Faus.


No Balneário Toscana, no José Menino, propriedade do pai de Edinho, saíram as primeiras pranchas da Orca Surfboards. A Orca passou a ser uma entidade, um lugar de encontro dos surfistas das praias santistas e Adelino fez parte desse movimento.


Adelino se afastou das ondas e do mar no período que serviu ao Exército brasileiro. O jovem que um dia corria as ondas agora era um soldado raso no Forte do Itaipu, na Praia Grande. A experiência no Exército rendeu até uma inusitada história de perseguição a um conhecido guerrilheiro da oposição armada ao regime militar, porém seu caminho estava mesmo nas formas e na estética arquitetônica. Ele se tornou arquiteto e perito judicial, mas nunca abandonou o surfe.


Numa das passagens inesquecíveis, contada por ele ao amigo John, no livro Surfe Sempre, Adelino lembra da aparição de um imenso tubarão na Praia de São Pedro. Ele, John Wolthers e Soren Knudsen só pararam de remar em fuga quando as quilhas se enterraram na areia da praia.


Em 29 de agosto de 2019, aos 67 anos, Adelino deixou a vida terrena e entrou para a memória dos imortais do surfe brasileiro.


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