Adelino, um surfista querido
Apesar de berço carioca, o primeiro contato com ondas foi em Santos, quando o pai assumiu cargo de chefia na Alfândega
Adelino Gonçalves de Oliveira Neto nasceu em Bangu, no Rio de Janeiro, no dia 14 de setembro de 1951. Apesar do seu berço carioca, o primeiro contato com as ondas foi em Santos, quando o pai assumiu um cargo de chefia na Alfândega e transferiu-se para o Porto. Na família, ele tinha o apelido de Lilico, mas deixaria o nome Adelino gravado na história e no coração do surfe santista.
Ele morou na Rua Oswaldo Cochrane, estudou no Colégio Santista e, no Tarquínio Silva, conheceu Edinho e o surfe. O amigo viveu o tempo das madeirites e das caixas de fósforo, em meados da década de 1960. Quando os novos materiais flutuantes começaram a aparecer, Adelino foi atraído pela fibra de vidro e chegou a produzir um tanque de fibra para motos. A sua vocação para o desenvolvimento de projetos e desenhos era tanta que ele ingressaria no curso de Desenho Industrial na Mackenzie e depois em Arquitetura na Faus.
No Balneário Toscana, no José Menino, propriedade do pai de Edinho, saíram as primeiras pranchas da Orca Surfboards. A Orca passou a ser uma entidade, um lugar de encontro dos surfistas das praias santistas e Adelino fez parte desse movimento.
Adelino se afastou das ondas e do mar no período que serviu ao Exército brasileiro. O jovem que um dia corria as ondas agora era um soldado raso no Forte do Itaipu, na Praia Grande. A experiência no Exército rendeu até uma inusitada história de perseguição a um conhecido guerrilheiro da oposição armada ao regime militar, porém seu caminho estava mesmo nas formas e na estética arquitetônica. Ele se tornou arquiteto e perito judicial, mas nunca abandonou o surfe.
Numa das passagens inesquecíveis, contada por ele ao amigo John, no livro Surfe Sempre, Adelino lembra da aparição de um imenso tubarão na Praia de São Pedro. Ele, John Wolthers e Soren Knudsen só pararam de remar em fuga quando as quilhas se enterraram na areia da praia.
Em 29 de agosto de 2019, aos 67 anos, Adelino deixou a vida terrena e entrou para a memória dos imortais do surfe brasileiro.