Zeladoria (ou a falta dela)

Entregar obras e novos espaços públicos são importantes, mas manter o que foi entregue não pode ser tarefa secundária

Por: Redação  -  21/03/22  -  06:47
Ciclistas de Santos reclamam do estado de conservação da ciclovia da Avenida Afonso Pena
Ciclistas de Santos reclamam do estado de conservação da ciclovia da Avenida Afonso Pena   Foto: Flávio Hopp/AT

Há um capítulo na história cotidiana das cidades que parece ser escrito da mesma maneira em todo o País: as queixas relativas às falhas na manutenção de espaços públicos, equipamentos coletivos, parques, escolas, hospitais, vias públicas e até placas de sinalização.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


Prefeitos, governadores e até o presidente da República se esmeram em anunciar, construir e entregar novos espaços e ambientes para a população, mas o mesmo empenho não se vê na manutenção, modernização e conservação nos anos seguintes.


Fazendo um recorte pequeno dessa problemática, não faltam exemplos de falta de zeladoria - esse é o termo mais usual - nas cidades da Baixada Santista.


Esta semana, A Tribuna trouxe reportagem sobre a ciclovia da Avenida Afonso Pena, em Santos, com queixas diversas de ciclistas sobre buracos, rachaduras e desníveis no piso, tornando o pedalar algo bem longe do prazer e, mais que isso, perigoso e arriscado.


Como resposta, a Prefeitura de Santos alega que há um projeto na Secretaria Municipal de Infraestrutura e Edificações para revitalizar essa ciclovia, mas que aguarda recursos para ser posto em execução. Informa, ainda - e contrariando o que se viu na reportagem - que a manutenção nas ciclovias da Cidade é feita regularmente.


O exemplo foi esse, mas questões semelhantes existem em grande escala por todos os municípios da região, de forma generalizada e em diferentes graus de comprometimento. Em São Vicente, por exemplo, até bem pouco tempo atrás o mato encobria boa parte do canal que acompanha a Avenida Monteiro Lobato, além de apresentar muretas e calçadas quebradas.


Em Guarujá, não raro este jornal recebe queixas de praças abandonadas em Vicente de Carvalho, brinquedos quebrados na orla e calçadas esburacadas. Em geral, as prefeituras sempre alegam que há um cronograma de obras e poucos recursos.


É bem verdade que parte dos problemas decorre de vandalismos ou mau uso por parte dos próprios moradores, e os brinquedos da orla são bom exemplo, assim como equipamentos existentes em praças e espaços ao ar livre. No entanto, já é sabido que esse é um argumento incorporado ao cotidiano das cidades, e que eliminá-lo depende de muita campanha de conscientização e aplicação de multas aos transgressores.


Enquanto isso não acontece, cabe, sim, às prefeituras, reservar em seus orçamentos recursos necessários e adequados para manter seus espaços em boas condições. Tão importante quanto inaugurar um parque público é manter os antigos, ainda que nas condições mais básicas e elementares.


Anunciar e entregar novas obras são estratégias que engajam a população e arregimentam votos aos seus executores, é verdade, mas não cuidar dos bens entregues tem efeito reverso, além de comprometer a imagem da cidade e a sensação de bem estar em viver nela.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver todos os colunistas
Logo A Tribuna