União regional pelo trabalho
Ações permanentes devem ser costuradas, e a Baixada Santista reúne condições técnicas para se destacar nesse campo
As primeiras estatísticas do emprego formal neste ano, reunidas pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, mostram uma alta expectativa nacional quanto à retomada da economia. Porém, a confiança despertada pelo melhor janeiro desde que o levantamento começou, em 1992, tem de ser cautelosa.
O período referente aos números é anterior ao pico da pandemia de covid-19, vivido agora, e seus efeitos no mercado de trabalho ainda serão medidos. Em relação à Baixada Santista, o sinal amarelo já está aceso: foram só 147 vagas de saldo, com queda do emprego formal em quatro das nove cidades.
A preocupação local tem base em declarações feitas, há décadas, por economistas ouvidos por A Tribuna. Segundo eles, a Baixada é uma das regiões que primeiro sofrem os efeitos de crises e está entre as últimas a se recuperar delas.
Isso decorre de seu perfil econômico. É voltado a setores de atividade cada vez mais automatizados, como o portuário e o industrial, que geram bem mais receita tributária do que postos de trabalho. Restam às nove cidades serviços e comércio. Sem os bons salários de outrora naquelas duas primeiras áreas e com vencimentos limitados nas duas últimas, baqueadas também pela covid-19, falta força para puxar a economia metropolitana.
Por ora sem turismo livre na alta temporada e lazer dependente das oscilantes restrições ao tráfego de pessoas, o Conselho de Desenvolvimento da Região (Condesb), que reúne prefeitos e Estado, precisa ter algo além da esperança por vacinas: ideias.
Santos, por exemplo, dispõe de um Parque Tecnológico. Nele, há uma Incubadora de Empresas, para a gestação de negócios criativos e com potencial de sucesso. O parque mantém convênios com universidades, faculdades de Tecnologia, Sebrae (para apoio a micro e pequenas empresas). O Poder Público e o polo universitário regionais dispõem de pessoal, estudantes, conhecimento. Que se unam todos.
Enquanto não aparecem soluções, boa parte do País fia-se na retomada de dois programas federais importantes para garantir a sobrevivência de milhões. Um deles, cujo caminho se abriu com a promulgação de uma proposta de Emenda à Constituição (PEC) pelo Congresso, será a retomada do auxílio emergencial. Estará emagrecido, com valores mais baixos, mas deverá atender 46 milhões de famílias. O outro consistirá em uma nova rodada do BEm, para manutenção de emprego e renda mediante corte de salários e jornada, no qual se estima a cobertura de 3 milhões de trabalhadores.
Tais iniciativas amenizarão, de novo, os males socioeconômicos da pandemia. Ignore-se o otimismo deslumbrante do ministro da Economia, Paulo Guedes. Serão ações temporárias e limitadas ao combalido caixa federal. Medidas permanentes devem ser costuradas, e a Baixada reúne condições técnicas para despontar nesse campo.