Uma decisão importante

O que intriga é que, na Europa, países com alta, média ou baixa cobertura apresentam curva acentuada de casos de covid

Por: Redação  -  05/11/21  -  07:15
  Foto: Pixabay

O Governo do Estado se baseia em algumas metas para talvez liberar o uso de máscara em ambientes externos a partir do próximo dia 1o. Como se trata de uma decisão delicada, é importante que ela não se dê por meio de canetada, mas pelo consenso de comitês técnicos. Dos critérios a serem considerados, conforme A Tribuna publicou ontem, o principal é atingir a cobertura vacinal completa de 75% da população estadual (atualmente está em 68%). Outra condição é a circulação do vírus (novos casos) ficar abaixo de 1,1 mil na média móvel de sete dias (já está em 800, portanto, uma condição já cumprida). Além disso é preciso que as atuais 400 internações diárias fiquem em patamar inferior a 300 e as 63 mortes por dia agora verificadas recuem para menos de 50.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


São metas que, pela lógica, devem ser rapidamente atingidas, o que é muito bem-vindo. Por outro lado, não se trata de se opor à dispensa da máscara, mas ainda há a desconfiança de infectologistas ressabiados com a medida. A dúvida é se esses parâmetros estão em níveis suficientes para proteger os paulistas contra as surpresas que o vírus pode provocar a partir dos não vacinados. Isso é da maior importância, pois a circulação da covid-19 entre os que não se imunizaram pode permitir alguma mutação mais resistente e que escape das vacinas.


O que se verifica na Europa neste momento é realmente intrigante e as autoridades sanitárias – prefeitos e governadores, principalmente – precisam observar o que se passa por lá. Tantos países com alta como nações com média ou baixa cobertura apresentam uma curva acentuada de novos casos. Na Holanda, a vacinação já protege 84% da população, mas o governo preferiu adotar restrições, inclusive pedir o uso de máscara e o home office, ainda que de meio período.


Na Alemanha, a vacinação é quase a mesma da paulista, de 66%, mas a curva das infecções está fortemente ascendente. Na Bulgária, a imunização é baixa (30%) e a contaminação disparou. Em Portugal, com impressionantes 90% imunizados, o registro de casos está estabilizado em 700 diários (mas superior aos 600 de 15 dias atrás). Há surtos preocupantes, como na República Tcheca, com dez vezes mais doentes identificados do que em Portugal – ambos têm 10 milhões de habitantes.


O que chama a atenção é que, com base nesses países, não há uma lógica firme de dados para cravar se a partir deste ou daquele patamar há proteção local. Porém, nada disso deve ser aproveitado para duvidar das vacinas, pois a transmissão se dá basicamente entre não imunizados, como na Alemanha.


Além da importância de decisões técnicas como essas, também é preciso ficar atento ao recado que se passa à população. Se o uso da máscara for liberado nas ruas, que se alerte que o risco continua elevado em aglomerações e em locais fechados e sem ventilação. E também que as estruturas de apoio médico continuem preparadas para eventuais surtos.


Tudo sobre:
Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver todos os colunistas
Logo A Tribuna