Um país difícil de se prever

A imprevisibilidade é o grande mal que dificulta a retomada nacional, que está sem plano e sem liderança

Por: Redação  -  23/05/21  -  08:39
 CPI da Covid investiga ações do Governo Bolsonaro na pandemia
CPI da Covid investiga ações do Governo Bolsonaro na pandemia   Foto: Estadão Conteúdo

Imprevisibilidade é a expressão mais adequada para este momento no País. Ela serve tanto para o estado de espírito do cidadão quanto a sua saúde com para o futuro do empreendedor. Obviamente que ela foi imposta pela pandemia, mas também ganhou tamanha proporção com o individualismo de alguns e a incapacidade dos governos, em especial o federal, de administrar os mais diversos aspectos da vida pública em momentos de graves como agora. A incompetência do Estado brasileiro é algo desapontador, de entristecer, mas a correção das falhas nacionais precisa ser perseguida – não há outro caminho. É de fácil percepção que se enfrenta um vírus ardiloso, altamente adaptável às barreiras que ele encontra, mas suas vantagens não explicam o fato do País dar voltas e mais voltas e parecer estar sempre no ponto inicial de combate à covid-19, alimentando essa tal imprevisibilidade.


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Basta observar as notícias sobre a pandemia das últimas 48 horas contadas até a noite de sexta-feira. Em meio ao festival de mentiras despejadas na CPI da Covid, divulgou-se uma série de dados de que a contaminação voltou a dar passos mais largos. Enquanto Araraquara pode entrar em novo lockdown, a cepa indiana está identificada em dois estados – Maranhão e Ceará.


Já a região, conforme o prefeito de Santos, presidente do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb), Rogério Santos (PSDB), prevê um aumento de casos nas próximas duas semanas de forma “controlável”, uma consideração que busca confortar, mas que pouca serventia terá para os eventuais infectados, sejam quantos forem, se evoluíram para quadros mais graves. A vacinação de quase um terço da população em Santos (primeira dose) é um fator de segurança, mas não absoluto. Também preocupa o fato da média de mortes diárias pela doença no País permanecer por volta de 2 mil – é um número muito elevado.


A explicação para a persistência da covid está na frouxidão das medidas restritivas na hora inapropriada. Isso acontece de norte a sul e não há como negar que elas sentem o peso da oposição do política ao combate mais firme. Como forma de preservar seu eleitorado cativo contra a força que seu provável rival, Lula, se lança à disputa eleitoral, o presidente radicalizou seu discurso negacionista. Falta-lhe foco. Se o próprio Jair Bolsonaro estivesse engajado na busca por vacinas, seu governo estaria andando em ritmo mais acelerado.


Agora, volta-se de novo à possibilidade de mais medidas restritivas, que podem até não serem necessárias na região, mas em outras partes do País, como já ocorre no Interior do Estado e parte de Pernambuco. Dessa forma, a economia brasileira como um todo não pega tração. Quem numa condição dessa terá plena convicção para investir ou consumir? Portanto, com a pandemia como causa, a imprevisibilidade é o grande mal que dificulta a retomada nacional, que está sem plano e sem liderança.


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