Terceira(s) via(s)

Até outubro, muitos movimentos políticos vão ocorrer, e é oportuno que o eleitor acompanhe todos eles bem de perto

Por: Redação  -  08/04/22  -  06:18
  Foto: Abdias Pinheiro/Secom/TSE

A pouco menos de seis meses para o primeiro turno das eleições, o caldo político e partidário vai esquentando nos bastidores, inserindo e subtraindo nomes, parcerias e intenções coletivas para chegar forte ao 2 de outubro. O capítulo mais novo e curioso dos últimos dias foi o movimento protagonizado pelas lideranças de MDB, PSDB, União Brasil e Cidadania na última quarta-feira, com o objetivo de lançar um candidato único à Presidência da República. No discurso das lideranças, seria um nome da chamada terceira via. A ideia, segundo disseram seus presidentes, é anunciar esse nome no dia 18 de maio.


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Nas entrevistas concedidas após a consolidação da aliança, os dois protagonistas foram a senadora Simone Tebet (MDB), que já figura dentro do partido como pré-candidata, e o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), que se afastou do comando do Executivo estadual para, segundo ele, “servir ao País” - Leite não esconde o desejo de ver seu nome na urna em outubro.


O aspecto curioso desse movimento é que ele ocorre menos de uma semana depois da encenação do ex-governador João Doria, vencedor das prévias tucanas. Na última quarta-feira, Doria ameaçou desistir da candidatura e continuar à frente do Palácio dos Bandeirantes, jogada armada para conseguir o apoio do partido que ainda não tinha vindo de forma explícita. No mesmo dia, o presidente da legenda, Bruno Araújo, divulgou nota ratificando o resultado das prévias e a garantia de que Doria é o candidato oficial do partido. Depois da parceria estabelecida pelos quatro partidos da terceira via, é mais prudente checar se a assinatura de Bruno Araújo na carta enviada a Doria era mesmo original.


Depois que saiu do comando do executivo do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite ganhou ainda mais holofotes, mais até que o próprio Bruno Araújo. Na quarta-feira, após o encontro com Simone Tebet, disse que “o partido fez prévias, tem o seu candidato estabelecido, mas que não se trata de atender formalidades e, sim, de ajudar o País a encontrar um caminho”. A pergunta que fica é: na hipótese do nome escolhido pelas quatro legendas não ser do PSDB, deslegitima-se, então, a prévia vencida por João Doria? Até dia 18 de maio haverá algum tipo de acordo com o ex-governador de São Paulo? Pelo calendário eleitoral, não há mais hipótese de mudança de partido. Portanto, Doria teria que correr sozinho nessa raia, inclusive, com poucos recursos da própria legenda. Ocorre que ele, desde que se afastou do governo, já vem transitando pelo País em busca de apoios, popularidade e, principalmente, uma fotografia mais popular para si próprio.


A parceria das quatro legendas não pode ser intitulada como a única terceira via, já que ficaram de fora partidos expressivos, como o PSD de Gilberto Kassab, e o PDT de Ciro Gomes. Até outubro, muitos movimentos devem ocorrer, e é oportuno que o eleitor acompanhe cada um deles com bastante atenção.


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