Soluções para a Baixada Santista
Queda em números do PIB na região apresenta quadro preocupante. Momento exige ação e decisões que devem vir da sociedade local
Atualizado em 19/12/19 - 11:01
Os dados sobre a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios da Baixada Santista mostram claramente o retrocesso econômico que a região enfrentou nos últimos anos. A participação da produção de bens e serviços regionais no conjunto do Estado de São Paulo caiu de 3,30% em 2012 para 2,90% em 2017, o mesmo acontecendo na proporção nacional: no mesmo período, o PIB regional passou de 1,16% para 0,92% do total do País.
A maior queda se deu em Cubatão, cuja relação PIB local/PIB estadual e PIB nacional, caiu, em quinze anos, praticamente à metade. Mas também retrocedeu, embora em ritmo menor, a produção em Santos, o maior polo econômico regional, caindo de 1,22% para 1,06% na comparação com o PIB estadual, e de 0,42% para 0,34% em relação ao PIB do País. São Vicente segue estagnada, e a evolução é pequena na relação estadual em Guarujá. O maior destaque está em Praia Grande, cujo PIB cresceu de 0,22% para 0,32% na comparação com o Estado de São Paulo.
Os números evidenciam quadro preocupante, que se desdobra em outros indicadores, como o desemprego regional, que tem se situado em níveis maiores do que os do País, sem que a recuperação dos postos de trabalho formal demonstre o mesmo ritmo racional. O quadro não é, porém, surpreendente: ele reflete a trajetória de acomodação ao longo do tempo e falta de políticas e perspectivas de desenvolvimento econômico.
O protagonismo que a região tinha - com Santos à frente - perdeu-se na segunda metade do século 20. Até então, os vetores do crescimento - o Porto de Santos, os negócios do café, o polo industrial de Cubatão, e os efeitos do turismo e do veraneio nos serviços e no mercado imobiliário - tinham sustentado a economia local. Na realidade, o binômio Porto-Café representou o grande fator de impulsão das atividades desde o final do século 19, reforçadas com a implantação das indústrias em Cubatão na década de 1950.
Todos esses movimentos foram de fora para dentro, com decisões estratégicas nacionais que beneficiaram a região, gerando empregos e renda durante muitas décadas. Mas esse modelo perdeu força, e a Baixada Santista não foi capaz de construir alternativas para seu crescimento, resultando no atual quadro negativo.
No início do século 21 a exploração de petróleo e gás na Bacia de Santos surgiu como a grande oportunidade, mas novamente vinda de fora. As expectativas se frustraram, e a região continua em busca de seu futuro. O momento exige ação e decisões que devem vir da sociedade local e, nesse sentido, iniciativas como o Inova Baixada Santista e a constituição do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Santos surgem como alternativas promissoras: elas vêm da realidade local, com ampla participação da comunidade, trazendo a esperança de mudança efetiva do atual cenário.