Sarampo volta a preocupar

O Brasil é um país com tradição em vacinar, apesar das falhas verificadas em outros temas ligados ao sistema de saúde

Por: Redação  -  18/04/22  -  06:50
  Foto: Reprodução/Adobe Stock

Doença altamente contagiosa, mas controlável desde que haja vacinação, o sarampo volta a ser assunto na Baixada Santista por causa do primeiro caso registrado na região em 2022. Um menino de 1 ano e 4 meses, morador de São Vicente, teve o diagnóstico confirmado. Além disso, há dois casos em análise em Santos.


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O cenário em questão serve de alerta. Médicos ouvidos por A Tribuna relataram que os índices de cobertura vacinal na região estão abaixo do aceitável. Enquanto o ideal seria chegar a 90% do público alvo imunizado, a realidade aponta para um patamar inferior a 70%. Assim, não só o sarampo ganha condições de se proliferar, mas também catapora e rubéola.


Segundo a Prefeitura de São Vicente, o paciente tomou as duas doses da vacina contra o sarampo. Porém, o contágio ainda assim é possível, pois nenhum imunizante oferece 100% de proteção, o que só reforça a importância de se buscar a imunização. Afinal, se mesmo com a vacinação existe o risco de contrair a doença, o que dizer da exposição pura e simples ao vírus?


A volta do sarampo à Baixada Santista coincide com o alto índice de cobertura vacinal contra a covid-19 e, consequentemente, a redução significativa dos números de casos e mortes por causa da doença. De acordo com dados de sábado da plataforma Vacina Já, mantida pelo Governo Federal, 1.566.613 moradores da região (83,3%) completaram o ciclo de imunização.


O Brasil é um país com tradição em vacinar, apesar das falhas verificadas em outros temas ligados ao sistema de saúde. Diferentemente de outras nações, algumas até situadas entre as mais avançadas, como os Estados Unidos, onde o expressivo movimento antivacina impede um combate mais efetivo à pandemia e segue produzindo mortes, o Brasil, graças ao empenho de seu corpo médico e à conscientização da população, mostrou força para vencer até mesmo o negacionismo governamental nos penosos meses em que a covid-19 matava mais de 4 mil pessoas por dia e o tema era relativizado por alguns. Entretanto, como sempre, a realidade se impôs e a compra de vacinas junto aos laboratórios foi autorizada, ainda que com atraso.


Outra teoria que pode explicar o lamentável retorno do sarampo está, por incrível que pareça, no sucesso da cobertura vacinal em todo o território nacional ao longo de décadas. De acordo com especialistas no assunto, com a imunização tomada como prática comum, a incidência de determinadas doenças caiu bastante, a ponto de elas terem sido esquecidas por muitos pais. E com essa ideia de que a doença teria desaparecido, viria a negligência à vacinação.


A volta ao cotidiano do sarampo e de outras doenças cuja contenção está diretamente ligada à vacinação em larga escala serve para evidenciar que, em se tratando de saúde pública, todo cuidado é pouco. E que uma aparente tranquilidade não pode ser confundida com jogo ganho.


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