Sai o socorro

O pior foi não ter acompanhado o próprio ritmo do vírus, ardiloso e ágil para se renovar e se espalhar

Por: Redação  -  29/04/21  -  09:42
  Foto: Unsplash

Finalmente o governo destravou alguns dos socorros essenciais para impedir a derrocada das empresas na pandemia. Ainda que muito tardiamente, o presidente Jair Bolsonaro assinou as medidas provisórias da nova rodada de redução de jornada e salário ou suspensão do contrato de trabalho. Na prática, a iniciativa protege o emprego, enquanto a economia não consegue engrenar a um ritmo para caminhar por conta própria. Com quase R$ 10 bilhões, a expectativa do Ministério da Economia é garantir a sobrevivência de 5 milhões de postos de trabalho. O governo também voltou a permitir o adiamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) depositado na conta do trabalhador pelas empresas. Todas essas medidas têm validade de quatro meses, mas as MPs admitem a possibilidade de prorrogá-las se necessário.


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É possível que desta vez o impacto dessas iniciativas de socorro seja até menor, lembrando que no ano passado elas consumiram o triplo de valor de agora. Houve todo um pacote bem dosado que sustentou a economia e até turbinou os índices de popularidade do presidente. Além do BEm, o auxílio emergencial para dezenas de milhões de brasileiros e o Pronampe, programa de crédito para as pequenas empresas, impediram que uma catástrofe se abatesse sobre a iniciativa privada. Aliás, o Pronampe também precisa voltar.


Assim como na nova rodada do auxílio emergencial, o governo repetiu o erro da morosidade para relançar o BEm. Desde o fim do ano passado já se discutia da necessidade da volta das medidas de proteção ao emprego. O debate foi tão demorado que coincidiu com a pressão do Centrão para Bolsonaro abrir o cofre das emendas parlamentares. O pior foi não ter acompanhado o próprio ritmo do coronavírus, ardiloso e ágil para se espalhar, aproveitando a frouxa reação dos prefeitos e governadores e o inaceitável negacionismo federal acerca o uso de máscara, entre outras medidas de necessidade óbvia.


Sem um arsenal de sustentação das empresas que não podem funcionar durante a restrição social, principalmente os serviços, medidas eficazes de isolamento da covid-19 perderam eficiência perante a pressão da sociedade para manter alguma atividade na economia. O reflexo é que os resultados de contenção da doença têm se mostrado tímidos em relação ao que se viu em países com uma execução mais rigorosa. Aqui, s casos e as mortes começaram a cair, mas persistem em níveis elevados.


Para piorar, o País continua pagando pelos erros absurdos do Governo Federal no campo da vacinação. A demanda mundial por imunizantes aumentou neste mês com colapso dos hospitais na Índia, tal como no Brasil poucas semanas atrás. De resto, o Brasil começa a ver as economias mais previdentes deslanchando já neste semestre, inclusive com algum tipo de abertura das atividades de turismo, enquanto aqui os mortos ainda são enterrados aos milhares.


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