Raios X do Ensino Superior

No pós-pandemia, o fator tempo passa a ser preponderante na hora de escolher de qual vestibular participar

Por: Da Redação  -  22/02/22  -  06:39
Estudo revela redução de 18,8% no número de concluentes dos cursos no primeiro ano da pandemia
Estudo revela redução de 18,8% no número de concluentes dos cursos no primeiro ano da pandemia   Foto: Arquivo/ Agência Brasil

Muito se tem falado sobre os impactos da pandemia no aprendizado de crianças e adolescentes da Educação Básica, compreendida pelos ensinos Fundamental e Médio. Há quem estime um prejuízo de dez anos de retrocesso no aprendizado, fora o contingente de jovens, principalmente, que figuram no campo da evasão escolar: saíram porque não conseguiam acompanhar as aulas remotas ou tiveram que procurar trabalho para ajudar a família.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


No entanto, um olhar atento também precisa ser colocado sobre o Ensino Superior, igualmente atingido pelos quase dois anos de pandemia. Estudo divulgado na última sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), ligado ao Ministério da Educação, aponta para redução, nas universidades públicas, de 18,8% no número de concluintes dos cursos no primeiro ano da pandemia. Embora haja uma parte dessa redução associada ao calendário escolar, que só conseguiu ser fechado no início de 2021 em função dos atrasos de cronograma em 2020, especialistas dizem que o maior peso está mesmo na evasão escolar.


Na outra ponta, as instituições privadas tiveram aumento no número de concluintes de 7,6%, índice puxado pelos cursos a distância. Na modalidade presencial, as particulares também tiveram queda, mas de apenas 0,5%.


Os números apontam para diversas análises possíveis, e todas elas carentes de um pente fino mais meticuloso, que desça ao nível da pesquisa de campo para entender suas razões mais verdadeiras. No entanto, algumas tendências podem ser consideradas nesse universo sem o risco de distorção. Uma delas é que a pandemia acelerou um caminho que já vinha ganhando relevo: os cursos a distância, em geral com mensalidades mais baixas e disponíveis no mais variado formato: de aulas on-line a conteúdos gravados, que ficam disponíveis para os alunos acessarem quando a agenda permitir.


Em tempos de pandemia e da necessidade premente de ir em busca de trabalho, ambas as qualidades dos cursos EaD correspondem ao modelo ideal a jovens que não dispõem de recursos ou tempo disponível para frequentar uma universidade presencialmente. Mesmo nas instituições públicas, livres de mensalidades, a questão do tempo passou a ser fator decisivo na hora de escolher de qual vestibular participar.


A escolha por cursos EaD faz sentido, mas acende uma luz para o necessário rigor na garantia de qualidade. Milhares de cursos nessa modalidade surgiram mesmo antes da pandemia, e só fizeram crescer nos últimos dois anos. Se essa for mesmo a tendência, é preciso que o Ministério da Educação aplique critérios rigorosos de avaliação anual, só credenciando os que preencherem todos os quesitos. Além disso, se o fator “disponibilidade de tempo” passou a ser preponderante na vida pós-pandemia, talvez seja hora das instituições públicas olharem com atenção para essa modalidade, ampliando sua oferta.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver todos os colunistas
Logo A Tribuna