PSDB, Doria, 3ª via...

A cinco meses das eleições gerais, não há cenário definido, e as disputas e composições estão apenas começando

Por: Redação  -  24/05/22  -  06:30
  Foto: Governo de São Paulo

Terminou ontem a saga do ex-governador João Doria pela disputa ao cargo de presidente da República. Em um pronunciamento que durou pouco mais de 10 minutos, Doria historiou parte de sua trajetória privada, destacando os cargos que ocupou e as empresas que dirigiu, até a decisão de se tornar homem público, quando disputou e venceu a eleição para prefeito de São Paulo, em 2016.


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Ao final, destacou que não é “a escolha da cúpula do PSDB” e que, portanto, não restou outra opção senão desistir da campanha. “Aceito esta realidade com a cabeça erguida. Sou um homem que respeita o bom senso, o diálogo e o equilíbrio. Sempre busquei e seguirei buscando o consenso, mesmo que ele seja contrário a minha vontade pessoal.


O PSDB saberá tomar a melhor decisão no seu posicionamento para as eleições deste ano. Me retiro da disputa com o coração ferido, mas com a alma leve, com a sensação de dever cumprido e missão bem realizada”, disse Doria.


A saída do tucano apenas formaliza uma exclusão que já vinha sendo construída há meses, desde as prévias de novembro passado, quando venceu Eduardo Leite na indicação do partido, mas, na verdade, não convenceu a maior parte da cúpula tucana, que começou a trabalhar contra nos bastidores políticos.


A fritura foi tamanha que Doria, no final de março, ameaçou não deixar o comando do Governo do Estado, prejudicando acordo feito com seu vice, Rodrigo Garcia, pleiteante nato à sucessão. No velho jargão do futebol, Doria venceu as prévias, mas não levou o título, e sua candidatura, desidratada e isolada, não decolou nas pesquisas, onde não pontuava mais que 4% e detinha rejeição de quase 30%.


A saída do ex-governador da disputa muda o tabuleiro político não apenas na corrida ao Palácio do Planalto, como também a disputa em São Paulo. Há uma corrente dentro do PSDB que via a presença de Doria, com sua alta rejeição, como um entrave ao crescimento de Rodrigo Garcia em São Paulo, onde as sondagens têm apontado liderança de Fernando Haddad (PT), Márcio França (PSB) e Tarcísio de Freitas (Republicanos).


Entre apostar em um nome com baixa adesão e baixo desempenho para presidente e reforçar a campanha para manter a hegemonia de 30 anos no Estado, o PSDB optou por Garcia, que agora pode se dissociar da figura de Doria em seus discursos.


O grupo que defende apenas um nome para a chamada terceira via pode, agora, compor a chapa sem desconforto, com a senadora Simone Tebet (MDB-MS) como candidata, e um eventual Eduardo Leite ou Tasso Jereissati a vice.


Doria jamais aceitaria a posição de vice em uma composição dessas. Também há sinais de que a parceria entre MDB, Cidadania e PSDB pode ser desfeita, com cada um indicando seu próprio nome.


O movimento protagonizado ontem por Doria ratifica a máxima de que, a cinco meses das eleições gerais, não há cenários definidos, e a corrida está apenas começando.


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