Previsões da economia
Pouco se fala no Congresso sobre iniciativas para melhorar o ambiente de negócios e o empreendedorismo
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Recentes previsões sobre o desempenho da economia para o próximo ano não são animadoras e, além disso, contam com o adicional da imprevisibilidade da campanha eleitoral, que pode tomar os mais variados contornos. Ainda que os indicadores realmente fiquem negativos, pois muitos dados ainda não se consumaram, o País não pode se deixar mergulhar em um clima de crise e de certeza da recessão, uma situação que por seu aspecto já desestimula investimentos, tomada de crédito e consumo.
O aumento dos juros básicos para combater a inflação é doloroso e seu impacto demora a surtir efeito, por volta de seis meses, segundo estudos de economistas. As medidas austeras e de enfrentamento devem ser tomadas com seriedade, mas a equipe econômica e as lideranças da iniciativa privada, o Legislativo e os Executivos dos estados e municípios devem permanecer ativos para trabalhar pela competitividade brasileira, que depende basicamente de reformas (administrativa e tributária). Regionalmente, as lideranças precisam deslanchar projetos, sejam de infraestrutura, de apoio social (saúde, educação e combate à pobreza) e de atração de empresas, pois são iniciativas de médio e longo prazos de maturação que vão avançar além de eventual queda da economia.
Segundo os grandes bancos, o processo de subida da taxa Selic deve terminar em março, com os juros acima de 10% ao ano, e talvez 12% se o ritmo adotado até agora pelo Banco Central persistir. Isso depende muito da inflação, que está na casa dos 10% e passa por um momento de disseminação por todos os setores, conforme a última pesquisa do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O mercado financeiro prevê que o Brasil pode chegar até 2023 com inflação elevada, o que indica que os juros também continuariam nas alturas. Portanto, o custo para investir ou consumir será desestimulado.
Há ainda outras pesquisas que indicam um esfriamento preocupante, como a da Confederação Nacional do Comércio (CNC), que afirma que pela primeira vez desde 2016 a Black Friday terá queda de receita real (taxa de crescimento descontando a inflação). Até o governo está mais pessimista e reduziu a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de 5,3% para 5,1%, e o de 2022, de 2,5% para 2,1%. Esses percentuais são até altos se comparados com a estimativa do Itaú Unibanco, que aponta recessão de 0,5% em 2022.
Em meio às dificuldades da economia das ruas, a pauta de Brasília, que tem temas tão importantes a serem discutidos, como as próprias reformas, dá agora prioridade a questões relacionadas às eleições, principalmente criar caixa para melhorar a popularidade do governo. Na fila da preferência, à frente estão o Auxílio Brasil e a sabatina do indicado ao STF, André Mendonça, mas pouco se fala sobre iniciativas para melhorar o ambiente de negócios e o empreendedorismo e a redução do endividamento das famílias e das empresas.