PIB per capita não avança

Em 2017 e 2018, o crescimento anual ficou em apenas 1%, e as perspectivas para 2019 são que o PIB avançará apenas 1,24%

Por: Da Redação  -  27/05/19  -  12:45

Nos últimos 50 anos, o crescimento econômico do Brasil foi bastante irregular. Houve alguns períodos de aumentos significativos do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, como no início do regime militar e durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – este influenciado pelo boom de commodities exportadas pelo País. Houve, porém, vários ciclos recessivos: no início dos anos 1980, com a segunda crise do petróleo; no Governo Collor, em 1990; e recentemente, em 2015 e 2016, quando o PIB recuou 3,77% e 3,60%, respectivamente.


A recuperação tem sido lenta e difícil. Em 2017 e 2018, o crescimento anual ficou em apenas 1%, e as perspectivas para 2019, segundo o Boletim Focus do Banco Central, são que o PIB avançará apenas 1,24%. O resultado das dificuldades ao longo das últimas décadas é a perda de terreno em relação a outros países emergentes, distanciando-se do nível de renda das nações desenvolvidas.


O PIB brasileiro per capita corresponde hoje a 25,8% do registrado nos Estados Unidos, sendo que, em 1980, representava 39%. No mesmo período, o Chile passou de 27,4% para 41,5% do indicador dos EUA; o da China cresceu mais de dez vezes, evoluindo de 2,5% para 28,9%; enquanto a Coreia do Sul também apresentou desempenho notável, indo de 17,5% para 66%. Os números levam em conta o critério da paridade do poder de compra (PPP, na sigla em inglês), permitindo assim que comparações sejam feitas.


Constata-se, portanto, que o País perdeu espaço no cenário internacional, tornando-se mais pobre em termos relativos, e ficando mais longe de países de renda alta, como os EUA, em vez de aproximar-se deles. Nos últimos anos, a situação se agravou ainda mais: após chegar ao pico de US$ 15.562,00 em 2014, o PIB per capita recuou entre 2015 e 2017, e só teve leve aumento de 0,4% em 2018.


No ano passado, ele ficou em US$ 14.359,00, abaixo do Chile (US$ 23.092,00), México (US$18.312,00) e até da combalida e problemática Argentina (US$ 18.255,00). Fica, pois, evidente a difícil situação nacional, marcada pela baixa competitividade e produtividade da economia. Os problemas são muitos: os negócios não avançam em ambiente pouco amigável, fechado ao comércio exterior; a situação fiscal está bem complicada; o sistema tributário é caracterizado pela enorme complexidade.


O grande desafio é superar a armadilha do baixo crescimento, que se instalou no Brasil com intensidade. Para isso, urge aumentar investimentos públicos e privados, ajustar as contas públicas, melhorar o ambiente de negócios e aprimorar, de modo decisivo, a educação no País. A comparação com a Coreia do Sul é ilustrativa: há quatro décadas, seu PIB era menos da metade do brasileiro, mas, com maciços investimentos em capital físico e humano, a situação foi radicalmente alterada.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver todos os colunistas
Logo A Tribuna