Petrobras e a “comunicação”

Em um ano eleitoral, o governo tenta encontrar uma forma de evitar o desgaste e a consequente perda de votos

Por: Redação  -  16/04/22  -  06:13
Novo presidente da Petrobras assume em meio a crise do preço dos combustíveis
Novo presidente da Petrobras assume em meio a crise do preço dos combustíveis   Foto: André Motta de Souza/Agência Petrobras

Confirmado na última quinta-feira (14) como novo presidente da Petrobras, o executivo José Mauro Ferreira Coelho assume o cargo em meio à crise do preço dos combustíveis, que contrasta com a recuperação dos resultados da empresa nos últimos anos. Coelho substitui o general Joaquim Silva e Luna, que foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro sob o pretexto de buscar uma “comunicação melhor” com a população a respeito dos sucessivos reajustes nas bombas.


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Em um ano eleitoral, o governo tenta encontrar uma forma de evitar o desgaste e a consequente perda de votos em uma seara tão delicada não somente para os motoristas, mas para todos os consumidores em geral. Afinal, o aumento do preço dos combustíveis acaba deixando quase tudo mais caro, dos itens supérfluos àqueles de primeira necessidade. Em tese, Bolsonaro não tem o poder de interferir e ordenar a redução. Assim, com mais uma troca no comando da empresa, ele faz tudo o que está a seu alcance para chegar ao objetivo.


Nos últimos tempos, são frequentes suas críticas à operação e ao lucro da Petrobras. Se no início de sua gestão a privatização da companhia estava fora de questão, hoje o presidente já defende o tema com todas as letras. E em relação a condenar a gestão da estatal, surge a companhia dos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco. Este último chegou a alertar sobre o papel social da empresa diante das constantes elevações de preço enfrentadas pela população.


José Mauro Ferreira Coelho foi presidente do conselho de administração da Pré-Sal Petróleo (PPSA) e ocupou o cargo de secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia até outubro. Antes, trabalhou por 12 anos na Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal do governo responsável pelo planejamento do setor elétrico.


Como homem do ramo, ele sabe que desde 2016, na gestão de Pedro Parente, a Petrobras adotou o preço de paridade de importação (PPI) para definir o preço da gasolina e diesel nas refinarias. O PPI é orientado pelas flutuações do preço do barril de petróleo no mercado internacional e pelo câmbio. Em suas primeiras palavras, Coelho seguiu o discurso do presidente da República sobre melhorar a comunicação com a sociedade.


“Buscaremos maior interação com a sociedade, temos que entender a importância que essa empresa tem para o brasileiro. Muitas vezes não conseguimos ter uma comunicação que chegue de forma palatável ao povo brasileiro”, comentou.


A alta dos preços do petróleo no mercado internacional e o real em desvalorização em relação ao dólar dão aos combustíveis o protagonismo na inflação brasileira. Como se vê, a solução do problema está longe de ser simples. Entretanto, uma medida que contemple a todos só virá quando o componente político for deixado de lado e medidas que fortaleçam o poder de compra da população forem adotadas.


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