Para além do tijolo e cimento
Muitas soluções vêm a reboque de um programa assim, como o saneamento básico, serviço inexistente nesses locais
O governador João Doria e o secretário de Estado da Habitação, Flavio Amary, deram início, no último sábado, ao que pode ser um dos projetos habitacionais mais emblemáticos na região: a construção de casas para remover famílias que vivem sob palafitas, uma das formas mais indignas e precárias de se viver. Só no Dique da Vila Gilda, Zona Noroeste de Santos, estima-se que 26 mil pessoas vivam sobre estacas encravadas na lama do manguezal, dividindo espaço com o lixo e o esgoto. Mas há palafitas também em São Vicente, Praia Grande, Cubatão e Guarujá.
As quantidades são insignificantes perto do desafio de eliminar as palafitas na Baixada Santista, especialmente na Vila Gilda, maior favela sobre estacas do País. Mas há que se dar o crédito pela iniciativa, tendo em vista que programa de tal propósito ainda não havia sido iniciado. Importante destacar que a Prefeitura de Santos também já lançou o Projeto Parque Palafitas, que planeja a reorganização das atuais moradias construídas sobre o mangue, buscando uma solução social, sustentável e técnica para criação de novas habitações.
Se se mantiver o foco nas comunidades que vivem sob palafitas, muitas outras soluções vêm a reboque, como o saneamento básico, serviço inexistente nesses locais e cuja ausência compromete a balneabilidade das águas. Urbanizar essas áreas ou eliminá-las com a remoção das famílias também mitiga a existência de redutos propícios para o crime, o tráfico e todo leque de irregularidades que tal situação traz a reboque.