Os riscos da exportação ilegal de madeira

Uma ação bem firme é fundamental para provar a seriedade com que o Brasil lida contra os crimes ambientais

Por: Da Redação  -  27/06/21  -  13:14
 A expectativa é de que a pronta fiscalização pelas autoridades ambientais recuperou seu fôlego no País, após notícias de que sua atuação sofria entraves durante a gestão do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles
A expectativa é de que a pronta fiscalização pelas autoridades ambientais recuperou seu fôlego no País, após notícias de que sua atuação sofria entraves durante a gestão do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles   Foto: Agência Brasil

A identificação de uma rota de exportação ilegal de madeira pelo Porto de Santos precisa ser acompanhada com o maior rigor possível, fechando um corredor de saída de um produto cuja extração irregular ameaça destruir a Amazônia e outros biomas do País. Por outro lado, a Operação Retaguarda, realizada por agentes do Ibama nos terminais de contêineres do cais santista, traz a expectativa de que a pronta fiscalização pelas autoridades ambientais recuperou seu fôlego no País, após notícias de que sua atuação sofria entraves durante a gestão do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.


A operação em Santos resultou na autuação em R$ 150 mil dos donos de nove carregamentos de madeira irregular, referentes a 80 metros cúbicos retidos pela fiscalização. Esse material, além de não ter autorização para ser exportado, não contava com a identificação do Cadastro Técnico Federal (CTF). Este documento poderia apontar a origem do material. Por trás desse trabalho, além de fiscais do Ibama da região, estiveram agentes do Pará e Distrito Federal e também uma equipe do Aeroporto de Viracopos, de Campinas.


A operação no cais santista, na verdade, é um desdobramento da fiscalização realizada em Paranaguá (PR), que foi voltada para Santos devido ao aumento de volume embarcado nos últimos tempos. Por isso, fica a preocupação de que Santos se consolide como uma rota de madeira irregular, ao mesmo tempo em que já é tão visado pelo tráfico internacional de drogas.


Uma rota da madeira por Santos faz sentido devido à atenção redobrada contra a exportação ilegal do produto da Amazônia, o que pode ter feito com que esses exportadores busquem saídas mais vulneráveis. As notícias sobre esse comércio sob suspeita rondam o ex-ministro. Em abril, o então superintendente da Polícia Federal, Alexandra Saraiva, avisou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que Salles estaria dificultando as investigações nessa área em benefício de madeireiros. No mesmo dia em que fez essa denúncia por meio de notícia-crime à Corte, Saraiva perdeu a chefia amazonense.


Já a Operação Akuanduba, da própria PF, investiga Salles por suposta facilitação de embarque ilegal do produto para os Estados Unidos e Europa, que colaboraram com a PF neste caso. A situação é tão grave que o Palácio do Planalto, que teria sido informado de novas medidas do STF contra Salles, retirou-lhe a guarida que os ministros da ala ideológica geralmente recebiam. A situação dele ficou insustentável e Salles optou por se demitir na quarta-feira.


Espera-se que a Operação Retaguarda impeça que o Porto de Santos seja visto mundialmente como rota de madeira ilegal, observando que as preocupações ambientais internacionais podem afetar as exportações do agronegócio brasileiro. Uma ação bem firme é fundamental para provar a seriedade com que o Brasil lida contra os crimes ambientais.


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