Os próximos passos

O recuo do presidente resgata o Palácio do Planalto para os temas urgentes do País – se espera

Por: Redação  -  12/09/21  -  06:36
  Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Ainda que muitas polêmicas e dúvidas persistam, o desfecho dos protestos do Dia da Independência, com o recuo do presidente Jair Bolsonaro, resgata o Palácio do Planalto para os temas urgentes do País – pelo menos assim se espera. São eles: inflação, reformas, geração de empregos, vacinação acelerada contra a covid-19 e decisões mais veementes nos campos da energia e do meio ambiente, além da definição do valor médio do Auxílio Brasil como forma de combater o empobrecimento. Para que medidas tão importantes como essas se consolidem, o governo terá que voltar a aglutinar sua base, considerando que os conflitos do Executivo com o Judiciário balançaram até mesmo a unidade com o pragmático Centrão.


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A história dos bastidores do Dia da Independência e a costura feita para a redação da carta do presidente à nação, desistindo com todas as tintas do embate com os ministros do Supremo Tribunal Federal, ainda estão sendo investigadas pela imprensa e entendidas pelos analistas da política. A grande dúvida é como o governo vai se sustentar daqui para frente e se Michel Temer voltará a ter algum protagonismo neste novo cenário de Brasília. E, caso ele persista na arena, como os bolsonaristas do Palácio, notadamente os filhos presidenciais, conviverão com o antecessor.


Algumas especulações apontam que a carta nasceu da articulação entre os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e de alguns ministros mais políticos do Supremo, que convocaram Temer por ser próximo do ministro Alexandre de Moraes, até então o grande alvo do presidente.


De todo modo, essa crise mostrou o incrível poder que se encontra nas mãos de Lira, que fez pronunciamentos mornos em relação ao Dia 7, mas que hoje é elemento chave para blindar o governo. Por isso, daqui para frente, o presidente precisa agir para recuperar a popularidade e manter a aliança de sua base fiel no Congresso com o Centrão, condição para aprovar os principais projetos da economia e atender a população nas suas principais urgências – recuperar o poder aquisitivo e derrotar a covid-19.


Por outro lado, Bolsonaro terá que atrair de volta seu eleitorado mais fiel, porém radical, que apostava na ruptura ou na continuidade dos conflitos com o Judiciário e o Legislativo e que se incomodou com o aceno a Moraes. Na sexta-feira, o próprio presidente foi se explicar aos seguidores na entrada do Palácio do Alvorada e o recado passado é pela moderação.


Em outras ocasiões, o presidente radicalizou e depois recuou, mas agora a tensão foi muito forte, simultaneamente a pesquisas de popularidade e contexto econômico desfavoráveis. Além disso, o Judiciário continua atento às ameaças feitas ao Estado de Direito. De forma paralela, hoje as atenções estarão voltadas aos atos, que unem esquerda (sem o PT), centro e parte da direita. O momento ainda é de muita pressão sobre o governo.


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