Os movimentos da bolsa

A expectativa ainda é de crescimento no próximo ano, apesar de que uma virada para pior não está descartada

Por: Redação  -  10/09/21  -  06:32
  Foto: Bruno Rocha/ Fotoarena/ Estadão Conteúdo

A reação do mercado financeiro, pelo lado dos analistas, de reduzir as previsões de crescimento do País, e entre os investidores, de derrubada das cotações, como na última quarta-feira, mostra os efeitos práticos da instabilidade política nos negócios e no consumo. A bolsa não representa toda a economia, mas por sua natureza de constantemente buscar o preço justo das ações, antecipa tendências com base nos sinais que recebe do exterior, do desempenho dos indicadores e, principalmente, de Brasília. Por outro lado, a bolsa reúne a elite dos diversos setores empresariais, os mais modernos e que movimentam grandes quantidades de capitais. Por isso, o movimento desse mercado nas últimas semanas precisa ser acompanhado com muita atenção.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Conforme as manifestações dos economistas-chefes das instituições financeiras e das casas de análise mais ouvidas pelo mercado e a imprensa, as previsões sobre o Produto Interno Bruto (PIB) para o próximo ano são cada vez mais acanhadas. Nem tudo está perdido, por enquanto, porque parte do avanço em 2022 depende da força da retomada de agora até dezembro. A expectativa ainda é de crescimento no próximo ano, apesar de que uma virada para pior não está descartada.


O crescimento esperado para o próximo ano, que estava há poucas semanas acima de 2%, agora é aguardado em 1,8% pela Tendências Consultoria e o Banco BV e em 1,5% pelo Instituto Brasileiro de Economia, da FGV. A preocupação é que os economistas adotaram viés negativo, que é a possibilidade de piorarem suas estimativas.


Os indicadores econômicos, em paralelo à tensão política, já não vinham colaborando. As indústrias continuam com uma carência de componentes e matérias-primas e a inflação castiga o bolso das famílias, encarece o custos das empresas e corrói o lucro dos motoristas que trabalham por aplicativos. Até o clima não ajudou, com geadas e seca sobre o agronegócio mais do Sul-Sudeste. Além disso, há o suspense da variante Delta e se ela poderá impactar com uma nova onda de infecções. Do exterior, o foco está na China, cujo desaquecimento atingiria as commodities, base das exportações brasileiras, e nos Estados Unidos, com uma eventual subida de juros que retiraria rios de capitais do Brasil.


Excetuando-se a covid-19, os outros problemas, em menor ou maior escala, não são novidades para o Brasil, como inflação, risco de racionamento e perdas com parceiros comerciais, o que em tese facilitaria a ação do governo. Porém, o problema está exatamente no tudo ou nada da tensão política do Executivo com o Judiciário e nas eleições do próximo ano, que estão tirando o foco do Palácio do Planalto.


O momento do presidente, ontem, de revisar sua posição, animou o mercado, mas somente o tempo vai mostrar se os agentes econômicos aumentarão a confiança nas decisões do governo.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver todos os colunistas
Logo A Tribuna