Os mais vulneráveis

É fundamental atingir o maior nível possível de proteção para fechar as brechas para novas mutações

Por: Redação  -  23/03/22  -  06:41
Os mais idosos têm menor resposta imunológica, o que os expõe a uma possibilidade de sintomas mais graves
Os mais idosos têm menor resposta imunológica, o que os expõe a uma possibilidade de sintomas mais graves   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

O início, nesta semana, da imunização com a quarta dose para maiores de 80 anos é da maior importância e enfrenta diretamente o risco elevado que essa faixa etária sofre perante as variantes do novo coronavírus. Os mais idosos têm menor resposta imunológica, o que os expõe a uma possibilidade de sintomas mais graves, necessidade de internação e até morte muito superior em relação aos mais jovens. Entretanto, essa nova etapa é uma oportunidade para as autoridades sanitárias do Governo do Estado e dos municípios analisarem a disposição da população de aderir às campanhas vacinais em um momento de expectativa de que a doença está próxima de ser derrotada ou pelo menos controlada. É previsível que muitas pessoas se descuidem, até pelo histórico brasileiro de pouco se preocupar com prevenção. Daí a necessidade do setor público investir em estratégias pontuais, como uma campanha de convencimento mais direta, talvez em parceria com as redes sociais e a imprensa, ou por meio de uma busca ativa de faltosos. Como há todo um registro dos imunizados desde a primeira dose por meio do sistema SUS, será fácil identificar as cidades nas quais as reconvocações vacinais estejam defasadas.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


Para entender melhor a necessidade dessa caça aos faltosos, que não se deve limitar aos mais idosos, basta observar a Europa, que enfrenta uma alta de casos com a subvariante Ômicron, a BA.2. Aliás, essa nova cepa deve ser observada com atenção no Brasil, pois é previsível que, como as anteriores, acabe por se espalhar pelo País. No caso europeu, os cientistas acreditam que o motivo do avanço está relacionado à estagnação da cobertura vacinal. Com a exceção de Portugal, os países europeus não conseguem se aproximar de 80% de suas populações completamente vacinadas e muitos deles estão abaixo de 74%, o patamar já atingido pelo Brasil. Nos Estados Unidos, o percentual é de 65%, com mais de mil mortes diárias. A necessidade de atingir o maior nível possível de proteção é justamente para fechar as brechas que permitem a disseminação de mutações. O que preocupa é um conformismo com a continuidade do registro de infeções e mortes às centenas. Assim, as cepas mais recentes do vírus contagiam rapidamente e ela poderá continuar se espalhando pelo mundo com facilidade.


Por isso, já se espera que a campanha da quarta dose, assim como a anterior, será logo replicada nas faixas etárias mais jovens. Dados recentes, como cobertura vacinal acima de 90% em São Paulo, levaram o Governo do Estado a retirar a obrigatoriedade do uso da máscara (exceto no transporte público e nos serviços de saúde). Em Santos, a ocupação da internação e UTI está respectivamente abaixo de 10% e 7%. Mas persiste a necessidade de manter uma campanha vacinal mais intensa, pois a cobertura nacional com a terceira dose ainda está em 34,5% e também já é hora de acelerar a subida desse percentual.


Tudo sobre:
Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver todos os colunistas
Logo A Tribuna