Os jovens na mira do vírus

As autoridades sanitárias precisam se dirigir aos mais jovens com veemência, com o alerta de que correm imenso perigo

Por: Redação  -  01/05/21  -  15:17
  Foto: Pixabay

Uma das crueldades da covid-19 é que as circunstâncias do drama individual de cada vítima da doença desaparecem nas estatísticas. Entretanto, a frieza da matemática é ferramenta poderosa para mudar a atual realidade nua e crua. Portanto, é fundamental observar a reportagem de A Tribuna de ontem, que aponta uma desaceleração do número de idosos mortos pela infecção. Também é extremamente preocupante o outro lado dessa conta – está bem comprovado que o novo coronavírus ceifa a vida de mais e mais jovens. Por isso, as autoridades sanitárias devem estudar suas estratégias de contenção da pandemia sob esse olhar. Se por um lado a vacinação parece que colabora para a queda dos óbitos nessa faixa idosa – uma conclusão ainda sem bases seguras porque as faixas mais jovens sequer começaram a ser imunizadas – por outro os infectologistas são praticamente consensuais de que as variantes do novo coronavírus são mais transmissíveis e letais. Com um número muito maior de infectados, há mais jovens entre os mortos.


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Segundo a Prefeitura de Santos, a queda das mortes entre os maiores de 60 anos foi de 15% neste mês na comparação com março. Acima dos 70, a redução dispara a 42%. Em São Vicente, os idosos eram 77% dos mortos por covid em março. Neste mês, a proporção caiu para 67%. Em números absolutos, em março morreram 67 idosos em São Vicente, enquanto em abril foram 33 contados até quinta-feira. O recuo é de 50,7%.


Se a vacinação caminha a passos lentos, esses números deixam bem claro que as autoridades sanitárias precisam se dirigir aos mais jovens com veemência, com o alerta de que correm imenso perigo. Persiste ainda a ideia de que covid-19 é doença que mata “velho”. Como não há como acelerar a cobertura vacinal, afinal a cada ano que se desce na idade, a população fica mais numerosa, o jeito é convencer a juventude de que também precisa se proteger e não apenas para salvar seus pais e avós.


Além de dirigir as campanhas de prevenção aos mais jovens, essa faixa etária também terá que ser convencida a se vacinar. Como uma parcela grande deles se expõe em aglomerações ou mesmo em roda de amigos sem uso de máscara, é sinal de que eles se sentem naturalmente protegidos. É possível, portanto, que muitos considerem não se vacinar. Entretanto, a cobertura deve ser a maior possível para evitar que a pandemia se torne endêmica – manifestando-se todos os anos tal como a dengue.


O efeito mais assustador do novo coronavírus é que ele se renova para acelerar sua disseminação e, ainda faltam mais estudos, conseguir contaminar quem já foi infectado ou vacinado. Também não se sabe se no médio e longo prazos quais serão as reais consequências da doença sobre os curados. Relatos de ex-pacientes em fóruns, com quantidades impressionantes de participantes, relatam diversos incômodos. A covid-19 se revelou um mal de proporções assustadoras.


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