Os jovens e a covid

Pensar no coletivo tem sido a saída para atenuar os efeitos de um vírus ainda sem vacina

Por: Da Redação  -  07/12/20  -  10:00

Especialistas e infectologista dizem que não, não é a segunda onda que está vivendo com o crescimento dos casos de covid-19, mas um repique decorrente da flexibilização de atividades econômicas, ampliação de horários de funcionamento de bares, restaurantes e demais serviços. Fato é que o repique tem agora características diferentes, e uma delas é o crescimento no número de casos entre jovens até 29 anos. 


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Dados do Governo do Estado mostram que, em junho, a faixa etária até 29 anos correspondia a 20% do total de infectados e, desde setembro, são 27%. Por outro lado, apenas 2% dos mortos são jovens. Nessa faixa etária, acredita-se também que haja muitas subnotificações, uma vez que a grande maioria não tenha sintomas ou os apresente na forma leve, situação que pode justificar sequer a ida ao laboratório para fazer o teste.


Os números servem para nortear ações e entender o movimento da pandemia em suas diversas fases e como agir para enfrentá-las de forma mais assertiva. Entre os jovens que se expõem ao risco depois de meses de confinamento, a justificativa está na ânsia de ver os amigos, o cansaço do isolamento e a ansiedade natural da idade. O fato de não pertencerem ao grupo de risco ajuda a romper o medo da contaminação. Para alguns há, inclusive, o sentimento de que “tão rápido se contaminem melhor, para que logo fiquem imunizados”. Na Europa, por exemplo, a reabertura gradual de diversos locais que normalmente atraem o público jovem foi adotada por vários governos, que, agora, diante de uma segunda onda, se viram obrigados a recuar.
A questão é que esses jovens acabam colocando em risco maior os demais familiares com quem vivem, pais e avós, estes sim, pertencentes aos grupos de risco, especialmente se tiverem comorbidades. O quadro no Brasil não é diferente do cenário vivenciado pelos demais países que também flexibilizaram suas atividades. O desafio, portanto, é focar em ações que busquem dar maior visibilidade a esses dados.


O papel é dos governos, sim, mas também das famílias e das próprias universidades, já que muitas retomaram suas atividades presenciais ou pensam em fazê-lo no próximo ano. Como em outras constatações já trazidas à tona pela pandemia, pensar no coletivo tem sido a saída para atenuar os efeitos de um vírus ainda sem vacina. Foi assim com o uso da máscara, o distanciamento social e a redução de ocupação em espaços comuns. Com os jovens não será diferente. É preciso, porém, transformar esses novos dados em ações e campanhas focadas nesse público.


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