Os bastidores da COP26

Os interesses ficam evidentes quando os diplomatas, ativistas e empresários assumem o palco das negociações paralelas

Por: Redação  -  04/11/21  -  07:08
  Foto: Divulgação

Na abertura da conferência do clima das Nações Unidas, a COP26, os líderes dos países fizeram discursos enfáticos sobre o combate à emissão de gases. Isso é bem positivo, pois assim eles assumem publicamente o que prometem. Uma pena que no caso brasileiro o presidente Jair Bolsonaro preferiu não se expor, enfraquecendo a defesa dos interesses nacionais. Os países de dimensões continentais, como Brasil, Estados Unidos e China, ou desenvolvidos são os que mais podem colaborar (ou prejudicar), com medidas necessárias que preservarão a qualidade de vida das crianças de hoje e de futuras gerações (a temperatura estará insuportável em três décadas apenas).


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Mas os interesses de cada país ficam evidentes quando os líderes se recolhem e os diplomatas, ativistas ambientais e empresários assumem o palco das negociações paralelas. Por exemplo, a causa da redução da emissão de gás carbônico é mais cara às potências desenvolvidas e à China, pois utilizam muito mais combustíveis fósseis. Já o metano, que é emitido nos processos industriais, de geração de energia e de uso de terras e florestas, também tem grande colaboração dos produtores de gado, como Brasil e Índia.


Nas negociações das metas de redução de emissões, o Brasil defendeu o cálculo em gás carbônico “equivalente”, o que inclui todos os gases do efeito estufa (GEE) – dióxido de carbono, ozônio, vapor d’água, óxido nitroso, clorofluorcarbono e metano. Na terça-feira, o Brasil, que é um dos cinco emissores de metano, foi um dos 100 países que assinaram compromisso de reduzir a dispersão desse gás em 30% até 2030, considerando os níveis do ano passado.


Aliás, quando se observa as metas assinadas por cada país em uma conferência, é de fundamental importância saber sobre qual ano de comparação ela se dá. Como as emissões aumentaram muito nos últimos anos, se a base de cálculo for sobre antes ou por volta de 2000 será mais fácil cumpri-la, mas o efeito almejado estará comprometido. Trata-se de uma pedalada ambiental de quem está pouco preocupado em resolver um grave problema do planeta.


O gás carbônico é o grande problema do mundo, pois demora mais para desaparecer. Já o metano, apesar de ser mais perene, tem potencial de aquecimento 80 vezes maior. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, no caso do metano, o Brasil aderiu sob pressão dos EUA, um cliente importante, mas também concorrente, da produção de proteína animal.


Ainda não está claro se países que boicotarem acordos serão punidos no aspecto comercial. O Brasil teme profundamente pressões devido à destruição da Amazônia, uma fragilidade até por falta de política firme do governo nesse campo. Mas China, Rússia, Índia, potências militares e grandes consumidores, não assinaram o compromisso do metano. Fica a dúvida se terão a perder comercialmente com isso.


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