Oportunidades com energia
Mudanças na matriz energética global até 2050 são necessárias
Mudanças na matriz energética global até 2050 são necessárias, com redução do uso de combustíveis fósseis, eliminando a emissão de gases de efeito estufa que causam o aquecimento global. Alcançar tal objetivo é desafio gigantesco, e embora haja condições tecnológicas para isso, baseadas na eletricidade gerada por meios renováveis (biomassa, solar e eólica) e energia nuclear, a economia de carbono zero exigiria quatro a cinco vezes mais eletricidade do que a atual, todas provenientes de fontes não emissoras de carbono.
Em muitos setores, os custos da descarbonização são competitivos, mas há outros em que isso não ocorre, exigindo incentivos e regramentos para forçar as mudanças. Há muitos problemas nessa transição: as vantagens em termos de custos das alternativas descarbonizadas são modestas em muitas áreas, e há sempre grande inércia na transferência de novas tecnologias, com resistência à substituição de métodos e sistemas.
A questão, entretanto, está colocada na agenda internacional. O Banco Internacional de Compensações (BIS) publicou relatório discutindo os riscos que as mudanças climáticas podem trazer para o sistema financeiro global, e fica evidente que o setor financeiro se prepara para alterar preços de ativos vulneráveis a essa mudanças, realocando seus recursos para empresas menos suscetíveis a riscos físicos ou regulatórios associados à transição para formas de produção menos intensas em emissões de gases de efeito estufa.
Descortina-se assim um novo cenário: diante dessa pressão, as empresas estão se movimentando para reduzir as emissões e desenvolver novas tecnologias para esse fim. Apesar das dificuldades e resistências, abrem-se claramente oportunidades que podem ser aproveitadas nos próximos anos.
No Brasil, já há vantagens: mais de 40% da energia consumida no País tem origem renovável, contra a média de 20% na maior parte do mundo. Não há dependência do carvão (que alimenta 80% da geração elétrica na Índia), e existe enorme potencial de expansão de geração de energia eólica e solar. Os grandes problemas estão no desmatamento e na pecuária intensiva que degrada o solo e as florestas, a exigir mudanças na atual política ambiental.
Há atrativos para investimentos de baixo carbono, que vão desde expandir o uso de etanol da cana-de-açúcar ao biodiesel do óleo de dendê, cujos preços se comparam aos derivados de petróleo, a novas tecnologias para gerar energia eólica ou solar, atraindo capitais nacionais e estrangeiros. O importante é destacar que tais investimentos aumentariam a produtividade em vários setores, pagando-se com folga, e tal padrão pode ser aplicado na recuperação das pastagens, na expansão das florestas comerciais e no investimento em eficiência energética, bem como nas energias renováveis.