O rastro do desemprego

São problemas enraizados no País que exigem solução de longo prazo e que não desaparecerão com uma canetada

Por: Redação  -  31/07/22  -  07:04
  Foto: Divulgação

A taxa de desemprego do segundo trimestre, de 9,3%, indica uma melhoria contínua do mercado de trabalho, o que é muito importante para sustentar a recuperação da economia. Entretanto, a expansão da geração de vagas se dá em bases frágeis, o que acabará por retardar a própria retomada do País. Esse indicador (emprego) está intimamente ligado ao consumo, o principal puxador do crescimento do Brasil, até mais do que investimentos em infraestrutura. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ao mesmo tempo apontou que a renda caiu 5,1% em um ano e que a informalidade (sem registro em carteira) avançou com mais 1 milhão de vagas sobre os dados do primeiro trimestre. Ainda no lado negativo da pesquisa, falta trabalho para um contingente de 10 milhões de brasileiros, uma massa que precisa ser apoiada.


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A expansão da informalidade é um revés para a economia, pois ela reflete uma precariedade na manutenção da renda e baixo acesso aos benefícios do Estado, como aposentadoria e salário-desemprego. Os informais avançaram em meio à explosão dos profissionais que trabalham por conta, como motoristas por aplicativo ou atividades desempenhadas em casa ou na rua, o que pode indicar uma aspiração ao empreendedorismo, mas isso está associado à inexistência de oportunidades de empregos mais atraentes. A ocupação fragilizada pela falta de um vínculo formal de trabalho dificulta a tomada de crédito e, ao mesmo tempo, perpetua muita gente na inadimplência.


A geração de empregos de baixa qualidade, como os especialistas em trabalho assim os denominam, também está associada ao setor de serviços, como comércio e turismo. São negócios que ainda estão financeiramente abalados pela pandemia e que criam vagas em meio a um contingente de muitos trabalhadores que acabam obrigados a aceitar salários mais baixos. Por isso, não é possível sonhar com um crescimento da economia vigoroso nos próximos anos.


Com um quadro desses, o Governo deveria ter um foco mais associado na geração de emprego e no aperfeiçoamento profissional, ainda que com cursos de curta duração, conforme a vocação econômica de cada região. A estratégia hoje é centrada em programas sociais, corte de impostos para reduzir preços dos combustíveis e empréstimos para pequenos negócios.


Se forem bem observados, são iniciativas importantes e indispensáveis, mas defensivas frente à crise. Não há um plano abrangente que estimule a prosperidade por um longo prazo. Os objetivos são de uma visão curta, relacionados às eleições em outubro, e para cobrir impactos econômicos da pandemia. Entretanto, o País apresenta deficiências que vão desde a formação educacional frágil ao despreparo com ferramentas tecnológicas e endividamento constante de famílias e empresas. São problemas enraizados no País que exigem solução de longo prazo e que não desaparecerão com uma canetada.


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