O mundo cansou, o vírus não

Essa subvariante é um sinal de que haverá necessidade do mundo conviver com a covid-19 por mais tempo

Por: Redação  -  05/02/22  -  06:39
  Foto: Reprodução/Unsplash

Nos últimos dias, uma subvariante da Ômicron começou a atrair as atenções das autoridades sanitárias de pelo menos 40 países. Trata-se da linhagem BA.2, enquanto a Ômicron que já se espalhou rapidamente pelo mundo é classificada como BA.1, segundo explica reportagem do site da BBC. Depois da original, identificada na África do Sul, a BA.2 foi descoberta nas Filipinas e já é responsável por metade dos casos novos da Dinamarca. Ainda se sabe pouco sobre essa cepa derivada, que é mais transmissível que a original e talvez pouco agressiva. Mas essa novidade serve de alerta e uma lição para o ser humano, muito confiante de que facilmente consegue driblar as surpresas da natureza.


Aparentemente, os países devem melhorar cada vez mais o cerco à doença com as contínuas vacinações e uma primeira geração de medicamentos cientificamente comprovados. Porém, essa subvariante indica que haverá necessidade de convívio com a covid-19 por mais tempo, lembrando que a baixa imunização na África ou em partes dos EUA ou Brasil, nos estados do Norte, abre frentes para o vírus sobreviver e se renovar. Aliás, pouco se fala de erradicação no curto e médio prazos.


Em hipótese alguma é possível abrir mão dos imunizantes e das pesquisas de aperfeiçoamento das vacinas de reforço, assim como se deve continuar com a higiene individual (máscara e álcool em gel), evitar aglomerações e fazer um isolamento dos casos positivos. O compromisso individual e a conscientização são muito importantes neste momento, pois os governos estão pouco dispostos a adotar novas restrições, com exceção da Alemanha e China, que continuam rigorosos. Países como Itália, França, Finlândia, Irlanda, Suíça e a própria Dinamarca abandonaram algumas regras sanitárias e afrouxaram outras, apesar da disparada dos casos da primeira Ômicron. Está evidente que a população se cansou e os governos estão temerosos de sofrerem um revés político, principalmente com partidos de extrema direita buscando o apoio dos descontentes. Por outro lado, os sistemas de saúde têm conseguido suportar o aumento da demanda por atendimento. Porém, são nações desenvolvidas, sem os problemas sociais que a maior parte do mundo enfrenta.


No Brasil, a Ômicron avança em contexto preocupante. Não é tão grave como as variantes anteriores, mas pela capacidade de atingir rapidamente muita gente, numericamente acaba gerando mais casos com hospitalização – oito estados e o Distrito Federal já estão com 80% das UTIs ocupadas. O registro de quase mil mortes diárias no País já é o maior desde 26 de agosto. Mas a atenção deve ser redobrada com a vacinação, que se estagnou em 80% da população com a primeira dose e 70% com a segunda. O reforço está em 22% e a faixa dos 5 aos 11 anos ainda se encontra no começo da campanha. No fim das contas, a imunização ainda é o melhor meio de cercar o coronavírus.


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