O maior desafio

Para os alunos do Ensino Médio, em especial, será preciso criar mecanismos que resgatem o aprendizado perdido

Por: Redação  -  05/07/21  -  06:48
 Rossiele Soares diz que o maior desafio pós-pandemia será trazer o aluno de volta à escola
Rossiele Soares diz que o maior desafio pós-pandemia será trazer o aluno de volta à escola   Foto: Governo de SP/Divulgação

Acerta o secretário de Estado da Educação, Rossieli Soares, quando diz que o maior desafio na fase pós-pandemia será trazer o aluno de volta para a escola, presencialmente, o que pretende fazer em setembro para toda a rede estadual.


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Segundo o secretário, 2020 teve a menor taxa de abandono da história, mas a questão é que as atividades feitas remotamente estão longe de serem suficientes para o aprendizado pleno.


Além disso, os quase 18 meses de aulas virtuais levaram a um estado de acomodação por parte dos alunos, em especial dos mais velhos, que se viram obrigados a dividir o tempo entre a escola e o trabalho.


A previsão do Governo do Estado é de ter vacinado, até 15 de setembro, todo cidadão acima de 18 anos, o que representa um bom argumento para garantir segurança no retorno, com os devidos protocolos sanitários em vigor. O temor do secretário é que a evasão aumente quando for estipulada a obrigatoriedade nas aulas presenciais.


De todos os segmentos sociais, a Educação foi uma das mais impactadas pela pandemia, com prejuízos e descompassos que serão sentidos por anos. Estudos feitos pelo Instituto Unibanco e pelo Insper evidenciaram que, mesmo com o ensino on-line em 2020, os estudantes aprenderam cerca de 25% do esperado.


Organizações internacionais falam em ‘catástrofe geracional’. Importante dizer que o quadro não é exclusivo do Brasil, mas de todos os países que se viram obrigados a adotar medidas semelhantes para evitar a propagação do vírus. No Brasil, porém, condições diferentes acabaram tornando o quadro mais desafiador. Entre elas, o fato de parte dos alunos das escolas públicas não ter acesso a banda larga ou equipamentos para acompanhar as aulas on-line.


Além disso, o Brasil é um dos países que mais tempo ficaram com escolas fechadas. Segundo a Unesco, foram 267 dias até a primeira reabertura.


Em se confirmando a volta às aulas presenciais em setembro, como quer o Estado, primordial será acolher esses alunos – muitos enlutados ou com perdas significativas na receita familiar – e promover um amplo diagnóstico, que avalie o grau de deficiência, o conteúdo que, embora oferecido, não foi assimilado e o ponto exato onde o currículo parou. Neste momento, como vêm defendendo os educadores, mais importante que cumprir o currículo, será fazer revisão, reforço de conteúdo e, se preciso for, voltar para trás na grade inicialmente prevista.


Outros pontos dessa cadeia deverão ser igualmente ajustados, em especial para alunos do Ensino Médio, que completam a educação básica e, em geral, seguem para o mercado de trabalho ou para a universidade. Para esses, será preciso criar mecanismos diferenciados, que resgatem o tempo de aprendizado perdido e não aumentem as lacunas que, em geral, a escola pública já deixa. Ou isso, ou carregarão deficiências para o resto da vida.


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