O futuro ferroviário do Porto de Santos
O cais santista deve se preparar para uma nova demanda de cargas
O Porto de Santos corre contra o tempo para ampliar sua infraestrutura ferroviária e, assim, ter condições de receber as novas cargas que vão chegar em vagões a seus terminais nos próximos anos. Para isso, recentemente, a Autoridade Portuária de Santos (APS) anunciou um audacioso plano para viabilizar os investimentos necessários e evitar o surgimento de um gargalo crítico na logística do principal complexo portuário do Brasil. Em jogo, como tradicionalmente ocorre quando se trata do cais santista, está o desenvolvimento de setores importantes da economia do País.
Hoje, a malha ferroviária interna do Porto de Santos pode movimentar 50 milhões de toneladas anuais, uma capacidade que já se mostra 90% utilizada. Mas, nos próximos anos, devem passar a chegar à região, ao menos, 75 milhões de toneladas por ano. No médio prazo, apenas a Rumo, operadora logística do Grupo Cosan e que, no ano passado, renovou a concessão da Malha Paulista, projeta transportar até o complexo marítimo 100 milhões de toneladas anuais. Esse cenário levou o presidente da APS, Fernando Biral, a dizer que a ferrovia interna do Porto pode se tornar “um grande gargalo” em “pouquíssimo tempo”.
Para atender a essa nova demanda e evitar o surgimento de um novo gargalo, a APS prevê a necessidade de investimentos da ordem de R$ 2 bilhões no sistema ferroviário do cais santista. Eles envolvem a construção de novos ramais, de uma pera ferroviária na região de Outeirinhos, de um retropátio ferroviário e, ainda, a eliminação de cruzamentos rodoferroviários, entre outras ações – obras elencadas a partir de negociações entre a Autoridade Portuária e a Rumo, que, hoje, controla, a Portofer, empresa que administra a malha ferroviária interna do Porto.
A fim de viabilizar esses investimentos, a APS planeja rescindir antecipadamente o contrato da Portofer - que vence em 2025 e não será renovado, como afirmou o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas – e fazer uma nova concessão da malha ferroviária, repassando-a para uma sociedade de propósito específico, a ser formada pelas operadoras ferroviárias que atender o cais santista, entre elas, a Rumo e a MRS Logística. Uma consulta pública foi aberta pela administradora portuária para debater essa estratégia com a comunidade.
Independente da linha de ação a ser adotada, o Porto de Santos tem de garantir a realização desses investimentos em sua malha ferroviária e conseguir atender à demanda das novas cargas que chegarão a seus terminais nos próximos anos.
Considerando a velocidade de implantação de investimentos em infraestrutura no Brasil, não há muito tempo para se perder nesse processo. Por isso, 2021 se mostra estratégico para esse projeto. Este é o momento de se definir o caminho a ser trilhado, assegurar suas viabilidades técnica e jurídica e colocar o plano em execução.
As operadoras ferroviárias já perceberam a necessidade de preparar o Porto de Santos para esse cenário futuro. A própria APS também. Não se pode perder tempo. Atrasos nesse processo terão um custo para a própria economia brasileira.