O dever de casa do MEC

O MEC tem uma longa tarefa a cumprir, centrada na qualidade do ensino e não em ideologias ou anseios da base do governo

Por: Redação  -  03/04/22  -  06:40
  Foto: Imagem ilustrativa/Reprodução/Pixabay

Em meio às especulações sobre quem será o substituto de Milton Ribeiro no Ministério da Educação (MEC), o fato é que, independentemente do escolhido, o futuro titular terá uma longa tarefa a cumprir, centrada na qualidade do ensino e não em questões ideológicas e muito menos de satisfação dos anseios eleitorais da base de aliados do Governo Federal.


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É preciso fazer o dever de casa - ensinar Português e Matemática, capacitar os professores para as novas ferramentas, equipar as escolas com mais tecnologia, resgatar as crianças que não se adequaram à aulas remotas nos últimos dois anos, estimular a pesquisa nas universidades e também planejar a recuperação das universidades federais, abaladas pela falta crônica de verbas e evasão de cientistas.


Muitas dessas tarefas, no dia a dia, são atribuições de prefeituras ou governos estaduais. Entretanto, o MEC possui um orçamento robusto que irriga o sistema de ensino nacional. Além disso, a pasta tem outros importantes papéis, como a definição de normas e a negociação de leis com o Congresso, além de todo um planejamento voltado ao setor, com metas a serem atingidas pelos entes da federação.


Nos períodos eleitorais, os políticos fazem inúmeras promessas de melhorar a qualidade do ensino e ampliar as verbas, mas o resultado prático é de um País que caminha a passos curtos nesse setor, enquanto outras nações, que há algumas décadas estavam em nível socioeconômico parecido, agora se encontram bem mais avançados.


Citar o exemplo da Coreia do Sul até já se tornou repetitivo, mas não há como evitar essa comparação. O caso sul-coreano, resultado do investimento pesado na educação, em especial no Ensino Técnico, já está nos discursos de muitos políticos por aqui. O difícil é replicar no Brasil essas conquistas.


O fato é que o desafio de melhorar a educação está associado ao uso intensivo de tecnologia. Já há meio caminho andado com a decisão de levar a internet às salas de aula em todo o País (aliás, uma iniciativa que vem muito tarde). Algumas conquistas em termos de qualidade já foram obtidas, por exemplo, no Ceará. Entretanto, é preciso aproveitar a experiência do ensino remoto na pandemia e adaptá-lo para a volta do presencial. Há a possibilidade, por exemplo, de contar com aulas de reforço on-line ou de teleconferências com nomes de ponta da ciência em contato virtual e simultâneo com milhares de crianças de vários pontos do Brasil.


Mas é preciso blindar o Ministério da Educação da cobiça dos aproveitadores do dinheiro público. Ainda que insuficiente, seu orçamento gigantesco e seus fundos devem ser voltados ao aperfeiçoamento da formação educacional, principalmente da escola básica. Não é de agora que se vê crianças e jovens com péssima aprendizagem da Língua Portuguesa e dificuldades para compreender a Matemática e como aproveitá-la mais tarde na vida adulta.


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