O crime ameaça o Pix

Com o avanço da tecnologia, criminosos se adaptam, e o mesmo tem que ser feito pela polícia

Por: Redação  -  29/08/21  -  06:21
  Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

As restrições que o Banco Central anunciou na sexta-feira, sobre o uso do Pix, não impedirão que criminosos se aproveitem das vulnerabilidades que a população tem ao utilizar o meio de pagamento instantâneo digital. Entretanto, o pacote de medidas funciona como um alerta ao usuário de que é preciso estar vigilante. E também serve de recado aos bandidos de que as autoridades estão atentas aos tipos de golpes que surgiram recentemente. O limite de movimentação de até R$ 1 mil entre as 20 e as 6 horas, o principal item do conjunto de iniciativas divulgado pelo BC, se assemelha à suspensão do funcionamento dos caixas eletrônicos após as 22 horas. O que chama a atenção é que se pensava que o novo sistema seria ameaçado mais por hackers ou golpistas basicamente pelo meio on-line, mas o que se configurou é uma ação por meio da apreensão do celular, muitas vezes sem se importar com o valor do aparelho, exigindo o desbloqueio e senha para ter acesso à plataforma do Pix. Como isso envolve ameaça e até uso de violência, inclusive com assassinato já investigado, essa estratégia é muito mais perigosa do que a dos crimes virtuais.


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Executivos do Banco Central acreditam que os tipos de crimes já realizados com Pix devem mudar no curto e médio prazos, pois o sistema de pagamentos instantâneos é rastreável – as primeiras investigações indicam o uso de contas de laranjas para poder fazer o saque em espécie. De qualquer forma, a tendência é que as equipes policiais identifiquem com mais rapidez as quadrilhas que utilizam esse meio para fazer roubos.


Como o Banco Central, ao divulgar as medidas, não definiu uma data para as restrições entrarem em operação, é possível que a resposta da autoridade monetária contra a criminalidade tenha sido tomada a toque de caixa e em caráter emergencial.


O anúncio por parte do BC se deu no mesmo dia em que o jornal O Estado de S. Paulo publicou uma contundente reportagem sobre crimes, inclusive sequestros, cometidos para roubar dinheiro via Pix. De acordo com a publicação, já foram registrados 216 boletins de ocorrência no Estado, desde janeiro, com casos relacionados ao Pix. Nesse período, a polícia já prendeu mais de 100 criminosos.


Com o avanço da tecnologia, os criminosos se adaptam a ela e o mesmo tem que ser feito pela polícia, considerando o aumento dos golpes com o Pix. Porém, é de grande importância que o BC colabore com mais iniciativas, reduzindo as vulnerabilidades, assim como os fabricantes de celulares, os bancos e as empresas dos aplicativos de investimentos precisam acrescentar mais medidas de proteção.


Infelizmente, os brasileiros não podem usufruir dos confortos da tecnologia devido à disseminação da violência, que ocupa todos os espaços possíveis. Porém, isso não pode limitar o desenvolvimento do País e o acesso da população aos avanços da modernidade.


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