O baque nos restaurantes

Como a vacinação desacelerou, não se sabe quando o convívio social estará razoavelmente estabelecido

Por: Redação  -  22/05/21  -  11:08
 Por enquanto, o segmento de restaurantes, entre outros do comércio, como bares e turismo, podem ser socorridos por meio de paliativos
Por enquanto, o segmento de restaurantes, entre outros do comércio, como bares e turismo, podem ser socorridos por meio de paliativos   Foto: Matheus Tagé/AT

Um dos segmentos mais abalados pelos impactos da covid-19 na economia é o de restaurantes. O principal motivo é a necessidade de manter o distanciamento social nos últimos 14 meses, mas há outros efeitos entrelaçados, como o home office. Regiões de concentração de escritórios e com poucas moradias, como o Centro de Santos, enfrentam uma baixa circulação de trabalhadores e profissionais liberais, o que esvazia ainda mais os salões desses estabelecimentos. Trata-se de um drama que, no caso brasileiro, ainda não tem previsão para chegar ao fim. Uma solução poderia estar começando a ser desenrolada agora se o governo, há uns dez meses, tivesse assinado os primeiros acordos de compra de vacina. Mas a possibilidade de domar a pandemia acabou sendo empurrada para o próximo semestre. Como já se está no final desta primeira etapa do ano e a vacinação desacelerou, não se sabe quando o convívio social estará razoavelmente estabelecido.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Por enquanto, o segmento de restaurantes, entre outros do comércio, como bares e turismo, podem ser socorridos por meio de paliativos, como postergação dos impostos e redução de jornada e salário ou suspensão de contrato de trabalho. Há ainda a demora para facilitar o crédito para a pequena empresa, que já deu certo no ano passado, teve uma nova edição aprovada pelo Congresso, mas que vai ser retomada com apenas 30% da cobertura da garantia contra calotes e não 85% como antes, o que pode afugentar os bancos. O risco é haver uma asfixia do capital de giro, inviabilizando de vez o negócio. Mais uma vez, o governo se encontra em uma conversa interminável sobre o socorro pontual às empresas, mas a demora, descasada do momento correto, pode ser mortal para esses empreendedores.


Segundo pesquisas, há cidades com até 40% dos restaurantes com suas atividades encerradas. De acordo com a reportagem de A Tribuna, os proprietários desses negócios no Centro de Santos relatam queda nas vendas de até 70%. Deve-se lembrar ainda que mesmo que os governos flexibilizem as medidas de restrição social, inclusive o distanciamento das mesas, muitas pessoas ainda passarão um tempo receosas de frequentarem espaços coletivos. Isso leva a um faturamento menor, retirando fôlego para retomar os investimentos nos próximos anos. O crédito é bem vindo, mas o empresário tem uma capacidade de endividamento e também de pagamento limites.


O foco para voltar às atividades normais deve ser o de estimular as medidas mais corretas de combate ao vírus – caso contrário, reforça-se a transmissão da doença e a clientela continua ressabiada. A única resposta com eficiência garantida é a vacinação. Porém, o País está refém do desastrado negacionismo presidencial, que adiou a chegada das vacinas. Até agora, não há expectativa de que a imunização se estabilize acima de 1 milhão de doses diárias, o que daria ritmo mais aceitável à imunização.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver todos os colunistas
Logo A Tribuna