Novas formas de investimento

Com taxas de juros menores que, descontada a inflação, aproximam-se de zero, rompe-se a lógica do rentismo financeiro e impõe às pessoas físicas novas abordagens e perspectivas

Por: Da Redação  -  18/12/19  -  17:26

A redução da taxa de juros da economia brasileira, que chegou a 4,5% ao ano, impõe nova realidade para as decisões de investimento, tanto de pessoas físicas como de empresas ou organizações.


Nesse sentido, o governo pretende alterar a política de aplicações financeiras dos fundos de pensão para estimular a diversificação das carteiras, e uma das propostas é que as fundações possam comprar títulos de Sociedades de Propósito Específico (SPEs) de capital fechado, operação que hoje não é permitida.


Grupo de trabalho coordenado pelo Banco Central também examina a possibilidade de elevação do percentual para investimentos em ativos no exterior, que atualmente é limitado a 10% de seus recursos totais. Tais medidas são respostas necessárias às preocupações que os gestores dos fundos de pensão enfrentam atualmente para garantir rentabilidade suficiente para a aposentadoria e pensão dos participantes.


O problema é evidente: enquanto as metas atuariais dos fundos variam entre 5% e 6%, os títulos de longo prazo colocados no mercado pelo governo estão rendendo, em média, 3%.


Não há dúvida que ajustes nas carteiras de investimento terão que ser feitas, e que as entidades terão que correr mais riscos, uma vez que os juros não voltarão aos patamares anteriores. Isso terá que ser feito de modo prudente e controlado, mas os fundos já estão ampliando seus investimentos em multimercados e crédito privado.


A Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), maior fundo de pensão do país, que tem uma carteira da ordem de R$ 200 bilhões, já está desenvolvendo mudanças em suas aplicações. Sua estratégia de investimentos, que inicialmente estimava uma redução mais acelerada de sua participação em renda variável, foi revista e é anunciada sua entrada em fundos multimercado e em fundos imobiliários.


Essa realidade atinge a todos. Durante muito tempo, o Brasil acostumou-se com a renda fixa, que trazia remuneração adequada aos investimentos e à poupança nacional. Com taxas de juros menores que, descontada a inflação, aproximam-se de zero, rompe-se a lógica dorentismofinanceiro e impõe às pessoas físicas novas abordagens e perspectivas.


Não há como fugir aos novos tempos: cada um terá que romper o conforto e a tranquilidade dos investimentos "seguros" e arriscar mais, se pretende obter remuneração maior a seu capital. A programação para aposentadoria, entre outros, exige revisão profunda.


Com isso, o mercado imobiliário recebe maior interesse e demanda, com a compra de imóveis para locação ou em aplicações em fundos imobiliários. A Bolsa de Valores é outra opção que deve merecer muito mais atenção, embora requeira, dos potenciais investidores, o necessário cuidado para as aplicações, a exigir informação ampliada a todos os interessados.


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