No Brasil, mulheres na luta política

Apenas 15% das cadeiras do Congresso são ocupadas por elas, revelando que País está atrás da grande maioria das nações

Por: Redação  -  04/08/22  -  06:05
Simone Tebet (à esquerda) e Mara Gabrilli formam a chapa presidencial do MDB
Simone Tebet (à esquerda) e Mara Gabrilli formam a chapa presidencial do MDB   Foto: Reprodução Twitter

As expressões usadas pelos caciques tucanos ao elogiarem a chapa 100% feminina do MDB, Cidadania e do próprio PSDB causaram um estranhamento, simbolizando as barreiras que as mulheres ainda trilham na política. No evento que confirmou na terça-feira a candidatura presidencial de Simone Tebet (MDB-MS), com Mara Gabrilli (PSDB-SP) a vice, enquanto o senador José Serra (PSDB-SP) disse que elas estavam “bonitas” e que nisso ele e Tasso Jereissati (PSDB-CE) prestaram atenção, o tucano cearense afirmou que as duas têm “docilidade” para unir o País.


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Tasso comentou ainda que a economista Elena Landau é “meio rebelde”, mas que “a gente controla”. Já o presidente do PSDB, Bruno Araújo, ironizou que os homens precisariam de uma cota de 20% na chapa, enquanto Roberto Freire, do Cidadania, concluiu que as “mulheres sabem falar de amor”. Tebet, Gabrilli e Landau, que merecem ser reconhecidas por suas carreiras, ficaram “impassíveis” com esses comentários e risos do público.


Entretanto, a queixa recorrente de candidatas no País é de que não são devidamente apoiadas pelo comando dos partidos, sendo aproveitadas para cumprir as regras eleitorais que determinam a reserva de vagas ou preteridas na hora do uso da máquina partidária e dos recursos de campanha que garantem de fato uma vitória eleitoral. Mas uma grande virada é esperada para estas eleições, antecedida por uma grande discussão sobre o papel das mulheres e o espaço que elas ocupam nas empresas, nas instituições estatais e consequentemente na política partidária e na distribuição dos cargos do Executivo e do Legislativo.


A epidemia de casos de feminicídio e abusos sexuais e a misoginia, que tem o efeito prático de travar a ascensão profissional e política feminina, impõem um novo patamar de conscientização na sociedade. Mas as mulheres devem participar e liderar as discussões sobre qualquer tema, pois representam 52% do eleitorado do País.


Dilma Rousseff, ainda que tenha sofrido impeachment, é a mulher que atingiu o maior patamar entre as mulheres na política, mas no Legislativo o avanço tem sido muito lento. Apenas 15% das cadeiras do Congresso são ocupadas por elas, revelando que o Brasil está atrás da grande maioria das nações. Segundo o Mapa das Mulheres na Política de 2020, da ONU e União Interparlamentar, o País ocupa o 140º lugar na representação feminina parlamentar, liderada por Ruanda, Cuba e Bolívia.


Segundo especialistas, a presença da mulher na política não vai aumentar apenas com a reserva de candidaturas nos partidos, até porque as siglas são dominadas por homens e poucas têm acesso a cargos de comando nos diretórios, mas com um percentual de assentos destinados por lei às parlamentares nos legislativos. De qualquer forma, é preciso combater o machismo na política e os ataques que elas sofrem por serem mulheres na hora de defenderem seus pontos de vista na política.


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