Muita imprevisibilidade

Segundo economistas do setor financeiro, o mercado de trabalho acelerou sua recuperação

Por: Redação  -  10/07/22  -  06:35
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/   Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Enquanto nos últimos dias há um pessimismo no ar em relação à economia americana, no caso brasileiro o quadro esperado para este semestre parece ter ficado menos grave. Segundo economistas do setor financeiro, o mercado de trabalho acelerou sua recuperação e parte das previsões é de um petróleo mais barato porque se espera recessão mundial, ainda que essa commodity tenha comportamento imprevisível por questões geopolíticas (Oriente Médio e Ucrânia).


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Por outro lado, a redução do ICMS dos combustíveis, o represamento dos preços da gasolina e do diesel e a injeção de recursos de benefícios sociais devem gerar algum impacto positivo na economia. São medidas eleitoreiras e com efeito retardado, pois têm potencial para causar grande desastre nas contas públicas no próximo ano. Por enquanto, haveria algum arrefecimento na inflação.


Analistas estão descrentes sobre reversão nas pesquisas porque a polarização política dificulta a mudança de voto. O eleitor pode surpreender nos dois lados, mas a própria tensão com a briga até as urnas, em outubro, interfere em outro fator econômico importantíssimo, o dólar. Além de tender a subir em caso de crise mundial, a moeda americana, por ser a mais forte, atrai o capital em busca de segurança. Por isso, a desvalorização do real, como na semana passada, poderá ganhar fôlego conforme os dois candidatos mais fortes demonstrem disposição de gastar dinheiro público para estimular o crescimento do País em 2023.


Mas há uma alta dose de imprevisibilidade nos fatores econômicos – dólar, petróleo e inflação. Antes, é preciso confirmar, com base nos dados a serem divulgados no fim do mês, se o país mais rico do mundo vai entrar em recessão. Também não se sabe se a China, o principal cliente das exportações brasileiras, vai retomar o crescimento e como o petróleo vai se comportar. O colunista Celso Ming escreveu na última quarta-feira que há previsões de preços do barril de US$ 65 e de US$ 380 (agora está por volta de US$ 107). O valor mais baixo é para o caso de recessão e o maior se a Rússia tiver que cortar sua produção devido à continuidade das sanções. Isso depende da invasão da Ucrânia. Na semana passada, o governo ucraniano disse que aguarda novos armamentos para tentar retomar o leste e os Estados Unidos afirmaram que a guerra será mais demorada. A Casa Branca tem confirmado suas previsões. O presidente Biden alertou que o Kremlin invadiria a Ucrânia, mas o governo de Kiev resistiu a acreditar.


O contexto internacional é muito importante para o Brasil, porque é lá fora que está a origem da inflação – nas commodities (petróleo e alimentos). Resta ainda descobrir se haverá mesmo um colapso na oferta do diesel, o que seria um desastre para o Brasil. Mas obviamente que por aqui haverá alguma reação quando esses problemas estiverem prestes a ocorrer, porque planejamento nunca foi um forte dos governos neste país.


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