Mudanças nos mercados de trabalho

Faltam escolas de melhor qualidade para reduzir o desnível de renda entre as classes sociais

Por: Redação  -  14/02/22  -  06:20
Enquanto no Brasil a grande discussão sobre o trabalho é como acelerar a geração de empregos, nos Estados Unidos, Reino Unido e China a preocupação é como manter o quadro de funcionários
Enquanto no Brasil a grande discussão sobre o trabalho é como acelerar a geração de empregos, nos Estados Unidos, Reino Unido e China a preocupação é como manter o quadro de funcionários   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Enquanto no Brasil a grande discussão sobre o trabalho é como acelerar a geração de empregos, nos Estados Unidos, Reino Unido e China a preocupação é como manter o quadro de funcionários. Apesar da realidade tão distante entre esses mercados e o brasileiro, o fenômeno registrado nesses países precisa ser melhor compreendido, porque tem relação com o impacto da pandemia e da tecnologia na força de trabalho e as aspirações dos jovens. Além disso, com muito ou pouco desemprego, preservar funcionários inovadores, que dominam as novas ferramentas e buscam o progresso da carreira é um desafio para as empresas. Isso vale para serviços, incluindo o comércio, indústria e até os empregadores estatais. No Brasil, essa busca por eficiência é mais difícil porque o ensino básico é precário e a aprendizagem técnica é pouco valorizada. Falta ainda fazer o dever de casa, que é dispor à grande maioria escolas de melhor qualidade para reduzir o desnível de renda entre as classes sociais e democratizar as oportunidades.


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Nos EUA, a estabilidade da economia ao longo das décadas sempre deu aos trabalhadores segurança para buscar melhores opções. Entretanto, a pandemia fez o desemprego atingir 14% em abril de 2020, mas agora está em 4% (contra 11,6% no Brasil agora). Simultaneamente, no ano passado, 4,5 milhões de americanos (3% do contingente) se demitiram. Mas esse fenômeno da insatisfação começa a ser notado no Brasil, segundo o jornal O Estado de S. Paulo. Enquanto nas economias desenvolvidas a debandada se dá nas carreiras de baixa capacitação ou com menores salários, no Brasil ela é registrada entre os profissionais de renda elevada – indiretamente isso mostra que o País continua desigual como sempre. Na prática, é um privilégio para poucos ou para o mercado brasileiro mais rico e diversificado, o paulistano.


Entretanto, as motivações para deixar o emprego têm relações parecidas no Brasil (do topo da pirâmide do mercado de trabalho) e nas economias ricas. Como insatisfação com o empregador, preocupação com a saúde mental e busca por um emprego que concilie o trabalho presencial e o remoto e não só um dos dois. Segundo a consultoria Robert Half, com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged, apenas carteira assinada), 51% das demissões do trabalhador qualificado ocorreram a pedido no terceiro trimestre do ano passado. Dos que continuam empregados, 49% pretendem buscar nova colocação em 2022. Depois do salário maior, as motivações mais valorizadas são aprender algo novo e realização pessoal.


São aspirações que destoam na realidade do mercado em geral, mas esse contexto embute uma falta de trabalhador bem preparado, mais uma vez expondo as fragilidades do ensino no País. Se houver crescimento, a oferta de mão de obra especializada poderá virar importante gargalo para a retomada.


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